O desperdício

Assassin’s Creed é a mais recente tentativa de levar ao cinema um jogo de video, e o mais recente falhanço.

Hollywood não sabe o que fazer para transferir o jogo de video para o grande écrã
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Nem é preciso sublinhar a ironia: um aspirante a blockbuster adaptado de um jogo de video de sucesso cuja premissa gira à volta da questão do livre-arbítrio e da resistência ao conformismo, mas que cumpre à risca todas as figuras obrigatórias impostas pelo sub-género. O que é mais complicado é justificar o investimento do espectador numa variação desinspirada sobre as ficções de aeroporto modelo Dan Brown/José Rodrigues dos Santos, que Justin Kurzel (Macbeth) filma “à Bourne” mas sem a legibilidade nem a fluência de Paul Greengrass. Nem a sua leveza: em vez disso, temos uma sisudez pomposa, com a fotografia do habitualmente excelente Adam Arkapaw a emprestar uma consistência de pintura digital a movimentos de câmara por demais artificiais, e uma tentativa de contar uma história moral sobre o despertar de um guerreiro literalmente estrangulada pelas exigências do franchise.

A intensidade de Michael Fassbender e a presença sempre bem-vinda de Charlotte Rampling não compensam o desperdício de Jeremy Irons, Brendan Gleeson, Marion Cotillard, Ariane Labed e Denis Menochet. E confirma-se a sensação de que Hollywood não sabe, mesmo, o que fazer para transferir o jogo de video para o grande écrã. Talvez deixar de tentar?

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