Irrelevante, mas não alarve

A Mãe é que Sabe é um filme completamente irrelevante. Mas reconhecê-lo não anula uma certa simpatia pela sua atitude, a de procurar uma espécie de elegância que em momento algum hostiliza o espectador ou o trata como um alarve.

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O naturalismo televisivo: A Mãe é que Sabe
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Nem todos os caminhos para o reencontro de uma vocação popular do cinema português têm que desembocar naquela boçalidade agressiva que se tem visto nalguns casos recentes. Esse aspecto – uma bonomia genuína e quase modesta – é o mais assinalável em A Mãe é que Sabe, que tenta filmar uma família portuguesa contemporânea no momento em que ela se reúne para um almoço comemorativo. O tempero, através dos flash-backs, vem da lembrança do país nos anos 70, 80 e 90, e de um pouco de “fantástico” a soltar o pensamento mágico da protagonista (Maria João Abreu) e o seu poder de influir sobre o passado.

Não é muito sofisticado, ou não é mesmo nada sofisticado, no seu registo muito colado ao naturalismo televisivo, feito com um profissionalismo sem surpresas nem inspiração digna desse nome. Ainda assim, denota um genuíno interesse pelos actores, sempre bem tratados, sobretudo os mais velhos (o recentemente falecido Carlos Santos, Manuela Maria, Margarida Carpinteiro, Manuel Cavaco). Visto na grande escala das coisas, é um filme completamente irrelevante. Mas reconhecê-lo não anula uma certa simpatia pela sua atitude, a de procurar uma espécie de elegância que em momento algum hostiliza o espectador ou o trata como um alarve.

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