Bloco leva jornadas para Vila Real e Bragança para debater a interioridade

Falta de investimento em áreas como a ferrovia, saúde, educação ou equipamentos de apoio social vai motivar a agenda de visitas dos deputados.

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MANUEL ROBERTO

De comboio desde a Régua até Foz Tua: a forma de os deputados do Bloco de Esquerda (BE) chegarem às jornadas que esta sexta-feira e sábado realizam nos distritos de Vila Real e Bragança é simbólica e pretende mostrar que o desinvestimento na ferrovia fez com que o comboio já não seja uma solução de mobilidade para quem vive e trabalha no distrito de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Este é apenas um sinal do esquecimento a que tem sido votado o interior, mas que, segundo o BE, sente-se também na educação e na saúde, na indústria e nos apoios sociais. Para identificar os problemas concretos dos dois distritos, os deputados bloquistas vão fazer uma série de visitas nos dois distritos, durante os dois dias das jornadas dedicadas à interioridade, e que culminam no sábado com a apresentação de propostas legislativas. Em Abril, o PCP dedicou as suas jornadas ao mesmo tema, precisamente nos mesmos distritos.

Mariana Mortágua lembra que Vila Real e Bragança são “dois dos distritos mais afectados pela interioridade”, com problemas no acesso à saúde, educação e transportes. As jornadas do BE pretendem “alertar, sem nenhum preconceito e de forma desempoeirada, para as consequências dos problemas deste Orçamento do Estado [OE], com as cativações, com o corte do investimento público que impede investimentos estruturantes para esta zona do país”.

Alegando ser “difícil dizer que a estratégia do Governo [para o interior] falhou quando ele tem apenas um ano de funções”, a deputada bloquista realça, no entanto que o problema tem sido o “falhanço sucessivo das várias estratégias” e a desistência contínua do interior. O caso da ferrovia é paradigmático: com o corte de linhas afectou-se directamente as populações, o transporte de mercadorias, a indústria e até a investigação em pólos universitários.

E se essa falta de estratégia tem afectado tanto o interior, o cenário pode não mudar no futuro próximo. Até porque o actual executivo também recorre às cativações, ainda que menos que o anterior, vinca Mortágua: agora são 450 milhões, eram 558 milhões no OE do anterior Governo.

“O problema existe e é persistente”, apesar de o Governo de António Costa já ter dito ao Bloco que as cativações para 2017 “não afectam a saúde nem a educação”. Ainda assim, os bloquistas vão insistir para que as cativações previstas para algumas áreas acabem por ser desbloqueadas. “É um OE de tensão permanente, de negociação permanente”, avisa Mariana Mortágua, prevendo que até à aprovação final global (a 29 de Novembro) “haverá muito debate sobre muitas propostas”.

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