PSD já não acha possível que o país atinja as metas orçamentais

Perante os dados do Instituto Nacional de Economia, Maria Luís Albuquerque diz que "é irresponsável" e "irrealista" acreditar no cumprimento de metas.

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Maria Luís Albuquerque deu uma conferência de imprensa na sede do PSD AFP PHOTO/ PATRICIA DE MELO MOREIRA

A esperança num bom resultado da economia este ano já se esvaiu para os lados da sede do PSD. O partido olha para os números que saíram nesta terça-feira do Instituto Nacional de Estatística e conclui que há um abrandamento da economia que augura maus resultados até ao final do ano. "É irresponsável e irrealista insistir num cenário macroeconómico em que ninguém acredita", disse a deputada e vice-presidente do partido.

Numa conferência de imprensa marcada na sede do partido, Maria Luís Albuquerque insistiu na ideia de que ou o Governo age para alterar as políticas que tem levado a cabo ou não atinge as metas orçamentais a que se propôs, começando desde logo pela previsão de crescimento, que teria influência directa no défice deste ano: "Já é irrealista insistir numa taxa de crescimento de 1,8% face aos resultados do primeiro trimestre".

E a culpa, defende Maria Luís Albuquerque, é do executivo de António Costa que "desistiu de governar e está condicionado pelos parceiros à sua esquerda".

"Não acontece por acaso, acontece por causa das políticas que têm vindo a ser seguidas pelo Governo", diz. No entanto, quando questionada sobre as medidas concretas que estão a afectar os resultados da economia, a deputada referiu apenas duas medidas que ainda não estão em vigor: a redução das 35 horas para os funcionários públicos e o acordo com os estivadores. E falou em geral sobre as restantes, defendendo que, por exemplo no caso da devolução dos cortes dos salariais, o PSD queria uma reposição com um ritmo mais lento. "São essas medidas que entendemos que são erradas, em alguns casos são demasiado rápidas para poderem ser suportadas pela economia", disse aos jornalistas.

Ainda sobre as 35 horas, a ex-ministra considera a medida "uma trapalhada", um "confusão" e diz que afasta os regimes público e privado. Relativamente à outra medida salientada – o acordo com os estivadores –, nesse ponto Maria Luís acusa o Governo de compensar quem faz mal à economia: "O acordo que aconteceu é um retrocesso. O Governo andou a assobiar para o lado e quando decidiu intervir foi uma cedência total ao que eram as reivindicações, pode ter repercussões em outros portos, uma vez que aqueles que podem paralisar a economia têm ganhos".

A social-democrata até admite que há influência de factores externos nos dados da economia, para o bem (queda do preço do petróleo, por exemplo) e para o mal (queda nas exportações em alguns mercados), mas defende que o Governo tem de saber "gerir" essa "evolução desfavorável". Acrescenta ainda que o que está a acontecer é "uma degradação da situação económica nacional que é mais gravosa do que assistimos nos nossos parceiros europeus. Se é certo que têm de ser tidas em conta, é preciso uma preocupação acrescida para cumprir as políticas erradas porque senão ficamos expostos às políticas que vêm de fora".

A dirigente do PSD referiu-se apenas aos dados gerais, mas salientou a degradação do investimento, que "está a afundar".

 

CDS: "Economia está a andar para trás"

Os centristas vêem sinais de preocupação nos números do INE, sobretudo por causa da queda do investimento e das exportações, e não acreditam numa melhoria para futuro: "O investimento está a diminuir e as exportações estao a desacelerar fortemente", disse a deputada do CDS, Cecília Meireles. Para a deputada, estes dados comprovam que "com este Governo, a economia está a andar para trás".

E além de regredir, não há previsão de que os números sejam suficientes para cumprir as metas do final do ano. "Não é uma questão de convicção. É possível Portugal crescer mais. Era não interromperem o rumo de confiança" que estava a ser seguido, salientou a deputada. "Quando as atitudes são as que o Governo tem tomado, o resultado é o que estamos a ver", disse.

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