Taxistas vão pedir indemnização “de vários milhões de euros” à Uber e políticos

Sector arranca nesta segunda-feira com uma semana de luta que culmina com uma marcha lenta em Lisboa Porto e Faro na sexta-feira.

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Martin Henrik

As associações representativas do sector dos táxis vão avançar com uma acção junto dos tribunais que visa pedir um indemnização à Uber e “aos políticos que nada têm feito para parar a actividade ilegal” da plataforma de transportes.

Segundo revelou ao PÚBLICO Florêncio Almeida, presidente da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (Antral), a queixa ainda está a ser elaborada, bem como a lista dos políticos e responsáveis pela regulação do sector, “que não têm respeitado as decisões dos tribunais e nada têm feito para travar a Uber, que diz estar a “actuar ilegalmente e a cometer um crime”.

A Antral e Federação Portuguesa do Táxi (FPT) arrancam nesta segunda-feira com uma semana de luta contra a actividade da Uber em Portugal que culmina sexta-feira com uma marcha lenta em Lisboa, Porto e Faro.

Durante este período, os táxis vão ostentar cartazes contra a actividade da Uber e faixas pretas e serão distribuídos panfletos junto da população. Os percursos da marcha lenta de sexta-feira ainda não estão decididos e serão anunciados ao longo da semana.

Florêncio Almeida insiste que as associações de táxis “não são contra a Uber”, mas sim contra a forma “ ilegal como actua no mercado”. O presidente da Antral acrescenta que a semana de luta é em “defesa do sector, mas também da população”.  “Os carros da Uber não têm seguro de transporte de pessoas. Se um dia houver um problema grave, os seguros que paguem. E também não pagam os impostos devidos, embora digam que pagam.”

“Será uma manifestação de revolta e indignação, contra uma empresa ilegal e contra um governo que se ajoelha perante uma multinacional que todos os dias comete crimes”, acrescenta Carlos Ramos, presidente da FPT.

O Governo anunciou em meados de Março um pacote de 17 milhões para modernização do sector dos táxis após uma reunião com as associações. Os representantes dos taxistas não saíram satisfeitos do encontro, até porque o documento apresentado abria as portas do mercado à Uber.

António Florêncio continua a dizer que o sector “nunca teve e não precisa de ajuda do Estado”. “Não nos vendemos. O que queremos é que a lei seja respeitada e os ilegais travados”, salienta.

“Já dissemos ao Governo que estamos dispostos a reunir e discutir seriamente o problema, mas só depois de ser colocado um travão a este crime contra a economia e as pessoas que é cometido todos os dias. O Governo, que já disse que esta plataforma é ilegal, tem de se levantar, a soberania de um país não pode ser colocada em causa por uma multinacional, por mais poderosa que ela seja”, diz, por sua vez, Carlos Ramos.

Em Abril do ano passado, as associações representativas do sector do táxi apresentaram um providência cautelar para travar a operação da Uber em Portugal. O tribunal deu-lhes razão e ordenou a suspensão da actividade da operadora. Mais tarde o tribunal de Lisboa confirmou  a proibição da Uber. Os responsáveis da plataforma recorreram e nunca pararam a actividade, uma vez que a entidade visada no processo, a Uber Technologies Inc., opera apenas nos Estados Unidos".

Já este ano, o Governo pediu um parecer sobre a Uber à Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), que será emitido durante este mês.

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