Polícia faz rusgas aos gabinetes da Mossack Fonseca em El Salvador

Sucursal da firma de advogados no centro dos Panama Papers estaria prestes a mudar de instalações. Foram levados documentos e material informático, mas para já não há indicações de crimes.

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Agente da polícia nos escritórios vasculhados sexta-feira em San Salvador. Jose Cabezas/Reuters

A polícia de El Salvador fez rusgas aos gabinetes da firma de advogados Mossack Fonseca na capital San Salvador durante a tarde de sexta-feira (madrugada em Portugal), levando consigo documentos e equipamento informático. De acordo com o procurador-geral de El Salvador, Douglas Melendez, um dos funcionários testemunhou que a sucursal estaria prestes a mudar-se de lugar.

A Mossack Fonseca está no centro do caso Panama Papers, nome dado aos cerca de 11,5 milhões de documentos sobre as operações da firma especializada na criação de offshores que chegaram às mãos do diário alemão Süddeutsche Zeitung e depois ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI), que os vem analisando deste o Verão passado.

A firma está sediada no Panamá, mas tem sucursais em vários países — o de El Salvador não constava na base de dados do seu site. De acordo com o procurador-geral de El Salvador, que supervisionou as buscas, as autoridades avançaram ao repararem que o letreiro do edifício onde a firma operava tinha sido retirado na quinta-feira.

A polícia interrogou sete funcionários da Mossack Fonseca de El Salvador mas nenhum foi detido. “Neste momento, não podemos de falar de qualquer crime; tudo o que podemos fazer neste momento é o nosso trabalho, disse Douglas Melendez aos jornalistas, adiantando que os investigadores vão agora debruçar-se sobre os documentos confiscados em busca de detalhes financeiros, legais e de contabilidade que possam indicar um crime.

O caso Panama Papers revelou o nome e as operações de milhares de clientes que procuraram a firma de advogados para ocultar bens ou escapar aos impostos — a empresa é a quarta maior no mundo no negócio das offshores. Os documentos levantam suspeitas sobre riquezas ocultas e possíveis evasões fiscais por parte de vários líderes mundiais, como é o caso do agora ex-primeiro-ministro islandês, Sigmundur Gunnlaugsson, que se demitiu ao serem reveladas ligações a uma empresa credora de um banco islandês nacionalizado durante a crise de 2008.

Em Portugal, as ligações começam a ser reveladas aos poucos. Sabe-se que há 240 nomes de portugueses ligados aos Panama Papers, embora nem todos tenham comprado uma offshore à firma de advogados. A investigação conduzida pelos representantes do CIJI em Portugal — Expresso e TVI — revela este sábado que um gestor contactou a Mossack Fonseca em 2013 com a intenção de comprar serviços offshore para uma carteira de clientes que incluía, à data, ex-ministros e antigos políticos em Portugal. 

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