Artur Mas agarra-se à Generalitat e torna inevitáveis novas eleições na Catalunha

Depois de a CUP recusar apoiar a sua reeleição, a Convergência assegurou que não apresentará nenhum candidato alternativo ao presidente em exercício do governo regional.

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Artur Mas disse ter vontade de continuar a enfrentar tanto Madrid como os que se lhe opõem na Catalunha Lluis Gene/AFP

Artur Mas deu nesta segunda-feira o último passo que faltava para tornar inevitável a repetição das eleições regionais na Catalunha, já em Março, ao anunciar que não desiste de se candidatar a um novo mandato à frente da Generalitat, hipótese rejeitada em definitivo pelo pequeno partido independentista de cujo apoio dependia a sua eleição.

“Tenho vontade de enfrentar Madrid e as forças daqui que não nos facilitam a vida”, garantiu o presidente em exercício do governo regional, à entrada para uma reunião da cúpula do seu partido, a Convergência.

No final, a formação assegurou que não iria deixar cair o líder, apesar de a sua eleição ser o único entrave à entrada em funções de um executivo com o apoio de todas as formações independentistas, maioritárias no Parlamento saído das regionais de 27 de Setembro. “Não vamos desistir da nossa intenção de eleger Artur Mas. A bola, depois das negociações, continua nas mãos da CUP [Candidatura de Unidade Popular], e se isso não acontecer ficará nas mãos dos cidadãos da Catalunha”, afirmou o coordenador do partido, Josep Rull, referindo-se à pequena formação nacionalista e anticapitalista que detém dez assentos cruciais na actual legislatura.

No domingo, pela terceira vez, a CUP rejeitou apoiar a candidatura de Mas – uma decisão que não foi unânime e levou já nesta segunda-feira à demissão de Antonio Baños, líder da formação no Parlamento, partidário de deixar Mas no poder. No entanto, a formação não fechou em definitivo a porta a uma solução, ao afirmar que a coligação Juntos pelo Sim – que uniu a Convergência à Esquerda Republicana (ERC) e ficou a dois votos da maioria absoluta – poderia apresentar uma alternativa até ao próximo domingo, dia em que termina o prazo legal para a formação do governo.

A formação apresentou mesmo alternativas, entre elas o presidente da ERC, Oriol Junqueras, partido ideologicamente mais próxima da CUP, ou mesmo a actual vice-presidente da Convergência, Neus Munté. “Parece-nos uma pessoa que não está identificada tão claramente com as políticas liberais” de Mas, disse nesta segunda-feira a deputada regional Anna Gabriel, em entrevista à Rádio Catalunha.

Com o impasse a prolongar-se por mais três meses (o prazo necessário à convocação e realização de novas eleições), a Convergência não poupa nas críticas aos anticapitalistas, acusando-os de terem privilegiado “a ideologia, a revolução e o socialismo à independência”. “Quando isto acontece, quem ganha é Madrid”, lamentou Josep Rull. O responsável avisou, porém, que “os partidos unionistas estão enganados se acreditam que o processo independentista está terminado” e anunciou a intenção de renovar a coligação com a ERC.

A direcção dos republicanos reúne-se nesta tarde, mas o jornal El País adianta que é pouco provável que peça a cabeça de Mas antes de domingo. O diário, como o concorrente El Mundo, coincidem, no entanto, na previsão de que, a confirmarem-se novas eleições, o partido não deverá repetir a experiência da coligação, criada para fazer avançar o processo independentista na Catalunha mas que ficou aquém da maioria absoluta de lugares a que os seus líderes se tinham proposto.

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