Participação nas legislativas espanholas um pouco acima de 2011

Ministério do Interior causa polémica com divulgação de foto de Adolfo Suárez.

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O l´der do Podemos, Pablo Iglesias, no momento de por o voto na urna PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP

A tendência de diminuição na ida às urnas na disputadas eleições legislativas de sempre inverteu-se durante a tarde, e pelas 18h (17h Lisboa), já tinham votado 58,35% dos 36,5 milhões de eleitores, mais 0,70 pontos do que em 2011.

Até às 13h00 (hora de Lisboa), estava em 36,94% - um pouco abaixo dos valores de 2011, quando 37,88% dos eleitores tinham a essa hora votado. Mas a participação estava a ser bastante alta em algumas regiões, sobretudo em Madrid e na Comunidade Valenciana. Na Catalunha, a afluência está igual à das últimas legislativas, acima dos 37%.

O Ministério do Interior está a ser alvo de muitas críticas por ter divulgado na sua conta do Twitter uma foto do presidente do Governo, Mariano Rajoy, do Partido Popular, e outra do falecido Adolfo Suárez, o governante que liderou a Transição, o processo que tirou a Espanha da ditadura e a conduziu à democracia. A legenda é: “Entre estas duas imagens passaram-se 38 anos da história democrática em Espanha.”

As queixas por propaganda eleitoral indevida e os comentários mordazes nas redes sociais abundam. O Ministério está a colocar várias fotos antigas de outras eleições em Espanha - só que introduziu a de Rajoy naquela série histórica.

Todos os líderes partidários estão a fazer apelo a uma participação maciça dos eleitores na votação. O actual primeiro-ministro, Mariano Rajoy, votou em Madrid por entre grandes medidas de segurança, afirmando-se “reconfortado” por ver tanta gente nas urnas. O novo líder socialista, Pedro Sánchez, afirmou, por seu turno, que “o futuro não está escrito”.

Todas as sondagens antecipavam uma vitória do PP, de Rajoy, mas sem votos suficientes para governar em maioria – como actualmente, e como é tradição em Espanha. O PSOE surge quase sempre em segundo, mas nalguns inquéritos os novos partidos do panorama político espanhol, Cidadãos e Podemos, aparecem muito perto ou até à frente dos socialistas.

O catalão Albert Rivera, líder dos Cidadãos, partido que nasceu como formação anti-independentista na Catalunha e só em 2014 se apresentou a umas eleições fora da região, nas europeias, foi o primeiro a votar, em Barcelona. Pablo Iglesias, líder do Podemos, partido nascido no início do ano passado a partir do movimento de cidadania 15M, foi o último a ir às urnas, em Madrid. “Estamos a viver uma segunda transição”, afirmou.

No final de 2014, o Podemos chegou a ser líder nas sondagens, e o mesmo acabou por acontecer ao Cidadãos. As eleições autonómicas e municipais de Maio foram o primeiro ensaio deste novo tabuleiro. O PP venceu, mas perdeu a hegemonia e os emergentes consolidaram-se.

Os principais rostos dessa mudança foram Ada Colau, activista anti-despejos que concorreu numa lista cidadã apoiada pelo Podemos e venceu a câmara de Barcelona, e a ex-juíza anticorrupção Manuela Carmena, que se candidatou numa plataforma idêntica e que governa hoje Madrid com o apoio dos conselheiros socialistas.

Na comunidade de Madrid, foi o Cidadãos que elegeu conselheiros suficientes para dar à candidata do PP, Cristina Cifuentes, apoio para governar. Os dois partidos negociaram um acordo de 76 pontos para garantir a governabilidade.

Contas, contas e mais contas é o que todos farão mais logo, quando forem conhecidos os resultados das eleições mais disputadas da história espanholas. As urnas fecham às 20h (19h em Lisboa) e os resultados finais só deverão ser conhecidos perto da meia-noite.

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