Federação pede ao Ministério Público para averiguar denúncia de Bruno de Carvalho

Presidente do Sporting acusou Benfica de dar prendas aos árbitros.

Foto

A direcção da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) pediu ao Ministério Público para averiguar o conteúdo das declarações do presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, que acusou o Benfica de oferecer prendas aos árbitros.

A ideia é salvaguardar o bom nome dos agentes do futebol e averiguar qualquer infracção que tenha sido cometida neste âmbito, apurou o PÚBLICO.

Paralelamente, e como o PÚBLICO já avançou, as declarações do presidente do Sporting estão também a ser analisadas pelo Conselho de Arbitragem (CA) da FPF, que as irá remeter em breve para o Conselho de Disciplina.

Na génese de mais esta polémica no futebol português estão as declarações proferidas pelo presidente do Sporting no programa Prolongamento, da TVI24, na madrugada de terça-feira, sugerindo que o rival pode estar a aliciar árbitros. No decorrer da entrevista, o responsável máximo do clube de Alvalade retirou de um saco de plástico uma caixa com a imagem de Eusébio, que continha uma camisola do Benfica e um voucher em que era oferecida uma visita ao Museu Cosme Damião e quatro jantares a cada um dos quatro árbitros nomeados para os encontros disputados no Estádio da Luz e no centro de estágios do Seixal, assim como aos dois delegados e ao observador de jogo.

“Isto é algo que me foi deixado no Sporting Clube de Portugal, num envelope anónimo”, começou por dizer Bruno de Carvalho. “Esta prenda dá 28 jantares por jogo, que podem orçar entre os 500 e 600 euros. Só em jantares deve rondar os 140 mil euros por época, mais as camisolas e as próprias caixas. Deve tudo rondar um quarto de milhão [por temporada]”, revelou, considerando que a Liga e a FPF devem pronunciar-se sobre o assunto: “Não estou a dizer se isto é certo ou errado, mas quem de direito em Portugal tem de achar se isto é normal, se é correcto.

Benfica não vai reagir
Bruno de Carvalho aproveitou também para garantir que o Sporting não honra os árbitros com este tipo de presentes. “Quando nos pedem uma camisolinha do jogo, damos. É normal. Deixamos também comida no balneário e, às vezes, vai lá o fisioterapeuta, caso se lesionem”, referiu, considerando que, caso a informação anónima que recebeu seja falsa, “o Benfica só tem de desmentir em comunicado oficial.”

De momento, porém, o presidente dos “leões” irá ficar sem resposta, já que o clube da Luz não irá reagir nem em comunicado nem com qualquer acção legal.

Uma fonte do Conselho de Arbitragem da FPF desvalorizou ao PÚBLICO o caso espoletado por Bruno de Carvalho e o significado das supostas prendas oferecidas pelo clube da Luz. Segundo este elemento, a oferta de camisolas é uma prática corrente em praticamente todos os clubes, não encontrando também qualquer anormalidade nos vouchers que as acompanham, sugerindo até que a maioria dos presenteados nem os deverá utilizar. E, mesmo que alguns o façam, entende a mesma fonte que nunca se sentiriam coagidos a alterar a sua objectividade durante as partidas de futebol em causa.

O Benfica, aliás, já viu um processo idêntico ser arquivado em 2007-08, depois de um árbitro ter revelado que recebeu uma "peça de cristal". com Nuno Sousa

Sugerir correcção
Comentar