Sem fôlego

Everest é um filme sem fôlego: nem para o épico, nem para o íntimo.

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Everest é um filme sem fôlego: nem para o épico, nem para o íntimo.

Menos filme catástrofe do que docudrama – o filme reconstitui os acontecimentos de uma trágica expedição à montanha, em 1996, a subir tudo bem, triunfo, bandeiras espetadas na neve, a descer é que se complicou com as tempestades e falta de oxigénio - Everest é um filme sem fôlego: nem para o épico, nem para o íntimo.

É uma desajeitada e desinspirada colecção de episódios e personagens (umas às tantas desaparecem como se se tivessem esquecido delas, como se ninguém desse conta disso) que não “escreve” nada de si, ou diz algo de si, para acrescentar a um formato - despacha em modo funcional, como um registo de factos e figuras, entre a obediência a uma história verídica e uma congénita ausência de olhar. É por isso que passamos o filme a pensar nas alturas a que James Cameron subiu quando mergulhou no Abismo, em 1989 – a pensar nesse e noutros daqueles seus filmes em que os casais se formavam e reinventavam, mesmo morrendo, com a energia da catástrofe em fundo – ou nos mais domésticos fulgores de um Wolfgang Petersen (o de Tempestade Perfeita, 2000). 

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