Dois aviões russos aterram na Síria, com os EUA a acusar Moscovo de ajudar Assad

Anúncio feito por agência oficial, quando se multiplicam suspeitas sobre o papel russo na guerra síria.

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Assad com militares, nos arredores de Damasco SANA/AFP

Dois aviões russos que transportam ajuda humanitária aterraram este sábado na Síria, no aeroporto internacional de Latakia, anunciou a agência oficial síria SANA em Damasco. Esta é a zona onde os Estados Unidos dizem que Moscovo está a construir uma base militar, para ajudar o Presidente Bashar Al-Assad.

Segundo a SANA, os aviões transportam “80 toneladas de ajuda humanitária oferecidas pela Federação Russa ao povo sírio”. A cidade costeira de Latakia é um bastião de Assad no Noroeste da Síria, que perdeu muito território desde o início da guerra civil, em Março de 2001. Os EUA dizem que a Rússia teria enviado instalações pré-fabricadas para albergar até mil soldados e uma estação móvel de controlo aéreo para uma base próxima da cidade.

Moscovo defendeu esta semana o envio de material militar para o regime de Assad, que não deixou de ser um cliente da indústria de defesa russa, e classificou como “histeria” ocidental as denúncias de que poderá haver militares russos no terreno. As forças do Presidente sírio estão a ter grandes dificuldades em resistir aos jihadistas do grupo Estado Islâmico e daqueles que se aliaram à Al-Qaeda.

No entanto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo rejeitou as acusações americanas de estar a enviar soldados para Latakia. “Sempre ajudámos, continuamos a ajudar e continuaremos o Governo sírio, para lhe dar tudo o que for necessário”, afirmou o chefe da diplomacia, Serguei Lavrov.

No entanto, o ministro admitiu pela primeira vez que os aviões russos transportam não só ajuda humanitária como também “equipamentos militares conformes aos contratos assinados com a administração síria”.

Nos últimos dias, responsáveis da administração norte-americana dizem ter sido avistados em Latakia uma dezena de veículos blindados de transporte de tropas e dezenas de soldados provenientes da Rússia, além dos meios para construir o que se suspeita ser a base áerea.

Oficialmente, a presença russa na Síria está limitada ao porto de Tartus, a sua única base naval no Mediterrâneo – onde vão decorrer manobras no início de Outubro. A Rússia avisou as autoridades de aviação do Chipre de que as realizará a 7 e 8 d Outubro, e que incluirão o disparo de vários rockets. Na sexta-feira, a Rússia apelou à cooperação dos EUA para “evitar acidentes não intencionais”, por causa da campanha de bombardeamentos contra o Estado Islâmico no Iraque e também na Síria.

Os EUA estão convencidos que estas manobras têm por objectivo construir a nova base militar em Latakia para proteger as forças de Assad – embora sublinhem que o seu inimigo é o Estado Islâmico. O Presidente Barack Obama, que apoia a oposição síria, comentou, no entanto, que a estratégia de Moscovo de apoiar Assad “está destinada ao fracasso”. “A má notícia é que a Rússia continua a acreditar que Assad é alguém que merece ser apoiado”, afirmou Obama.

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