Greves agravaram em 60 milhões prejuízos da TAP

Companhia de aviação teve resultados negativos de 143 milhões de euros no primeiro semestre. Unidade de negócio de transporte aéreo é a que mais penaliza os resultados da Parpública.

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Os resultados operacionais da empresa mantém-se no vermelho (no ano passado, no primeiro semestre, foram de 83,4 milhões de euros) Daniel Rocha

Os prejuízos da TAP atingiram no primeiro semestre deste ano 142,9 milhões de euros, um agravamento de quase 60 milhões de euros face aos primeiros seis meses de 2014. Os resultados operacionais da empresa mantêm-se no vermelho (no ano passado, no primeiro semestre, foram 83,4 milhões de euros), mas desta vez não é só a actividade de manutenção feita no Brasil que arrasta a transportadora para terreno negativo. As greves - as “anunciadas e efectivas”, como a do período de 1 a 10 de Maio - e as “inerentes perturbações na prestação de serviços ao nível do transporte aéreo” contribuíram activamente para este agravamento, lê-se no relatório semestral da Parpública.

No documento divulgado nesta segunda-feira pela empresa gestora das participações do Estado, a TAP, que o executivo está a tentar privatizar, ainda consolida integralmente as suas contas. Isto porque o processo de privatização continua dependente das autorizações das entidades reguladoras, como a Autoridade da Concorrência e a Autoridade Nacional de Aviação Civil, para que possa avançar o processo de venda ao consórcio Atlantic Gateway, vencedor em Junho do concurso para a compra da TAP.

Segundo o relatório, que foi disponibilizado nesta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o maior contributo negativo para os resultados líquidos da Parpública foi "a necessidade de reforço das provisões em 113,8 milhões de euros, essencialmente para fazer face à evolução dos capitais próprios do Grupo TAP", que agravou dos 511,8 milhões de euros negativos para os 631 milhões de euros.

A unidade de negócio do transporte aéreo é, pois, aquela que mais penaliza os resultados da Parpública que, apesar de manter em terreno negativo os seus resultados (os prejuízos consolidados do grupo ficaram-se pelos 45,8 milhões de euros), cresceu os resultados semestrais, em termos homólogos, em 61,2%. A holding estatal justifica esta redução de prejuízos no primeiro semestre de 2015 com “uma evolução positiva do justo valor de uma operação swap de taxa de juro” (que contribuiu positivamente em 23,9 milhões de euros), bem como uma opção associada a obrigações permutáveis emitidas tendo como activo subjacente acções da Galp, e cujo efeito líquido positivo atingiu os 97,8 milhões de euros.

Em termos consolidados, as actividades operativas da holding estatal apresentaram no seu conjunto "uma evolução fortemente negativa", com uma redução do EBITDA (os resultado antes de impostos, juros, depreciações, amortizações) dos 265,8 milhões de euros para os 187,3 milhões de euros, "principalmente devido à degradação da situação das empresas do grupo TAP". "Os acontecimentos laborais que assolaram a empresa e condicionaram a sua trajectória e crescimento conduziram a uma quebra das vendas e ao aumento dos custos, situação que se traduziu na queda do seu EBITDA de 1,5 milhões de euros para os 68,8 milhões de euros", refere o documento.

No âmbito do plano de privatizações que a Parpública está a tentar levar a cabo, a holding  pública destaca o facto de ter dado sequência ao processo de alienação da EGF – Empresa Geral do Fomento, uma subholding do grupo Águas de Portugal (AdP) para a área dos resíduos, cujo resultado da venda vai servir para abater na dívida do grupo. Apesar do contrato de venda ter sido celebrado em 2014, também esteve dependente das entidades regulatórias em matéria de concorrência, algo que já se concretizou, mas não a tempo de interferir nas contas deste semestre. Também a alienação da participação do Autódromo do Estoril à Câmara Municipal de Cascais se deve concretizar este ano, estando actualmente à espera do necessário visto do Tribunal de Contas. 

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