À espera dos dados sobre o desempenho da indústria e dos serviços da China

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Petar Kujundzic/ Reuters

Tal como observado na última semana, as expectativas em torno do desempenho da economia mundial continuarão a dominar as atenções ao longo dos próximos dias, podendo influenciar o sentimento nos mercados.

Um dos principais destaques na agenda económica desta semana será a divulgação, na madrugada de terça-feira, dos índices PMI oficiais na China, tanto para a indústria como para o sector dos serviços. Perante o aumento dos receios em torno do ritmo de abrandamento da economia chinesa e do seu impacto sobre a performance das outras economias e mercados, a que se assistiu após o movimento de depreciação do renmimbi e a conhecida queda do índice PMI Manufacturing não-oficial de Agosto para um mínimo de seis anos, será importante acompanhar a evolução dos índices oficiais, de modo a consolidar as expectativas em torno da economia chinesa.

No mesmo dia será conhecido, ainda, o índice PMI não-oficial para o sector dos serviços, bem como o índice PMI Compósito não-oficial, que agrega os indicadores sectoriais e que pretende antecipar a evolução da actividade económica como um todo. Uma evolução menos positiva dos índices poderá gerar um aumento da incerteza, com impacto sobre a evolução dos mercados.

Nos Estados Unidos, é aguardada com elevada expectativa a divulgação das estatísticas do mercado de trabalho em Agosto, agendada para sexta-feira. É esperada pelo mercado uma subida do número de postos de trabalho criados, ainda que modesta, confirmando a continuada recuperação do sector. Se a evolução da criação de emprego evoluir como esperado, poderá assistir-se a uma descida da taxa de desemprego, actualmente em 5,3% da população activa. Já as remunerações médias horárias deverão manter-se estáveis, apesar da esperada aceleração do emprego. Igualmente importante será acompanhar a divulgação dos importantes índices ISM de Agosto, referentes ao sector industrial (na terça-feira) e aos serviços (na quinta-feira). Em ambos os casos, é esperada a manutenção dos índices em níveis francamente superiores ao patamar de 50 pontos (que separa o terreno expansionista da actividade produtiva, do território de contracção), sugerindo a continuada evolução da produção a um ritmo robusto.

Numa altura em que se especula quanto à possibilidade de a Reserva Federal norte-americana iniciar, nos próximos meses, o processo de normalização das taxas de juro de referência, os indicadores que serão conhecidos esta semana serão analisadas com elevado escrutínio, podendo influenciar as expectativas do mercado.

Por último, na zona euro, todas as atenções estarão voltadas para a reunião de política monetária do Conselho de Governadores do BCE, agendada para quinta-feira. Dada a descida generalizada dos preços das matérias-primas nos mercados internacionais e os receios em torno do crescimento da economia chinesa, assistiu-se, nas últimas semanas, a um reavivar dos riscos de surgimento de pressões deflacionistas. Sobre este tema, tiveram elevado destaque as palavras de Peter Praet, membro da comissão executiva do BCE, ao defender que o BCE deve estar preparado para actuar, caso se agravem os riscos em torno da inflação. Esta actuação poderia passar por um alargamento do montante do programa de quantitative easing, tal como já tinha sido comentado, quer pelo BCE quer por diversos dos seus membros. Refira-se que Mario Draghi, presidente do BCE, tem vindo também a manifestar disponibilidade para a adopção de novas medidas, se tal se justificar.

Neste contexto, tem crescido a especulação em torno da possibilidade de a autoridade monetária vir a anunciar uma extensão do programa de aquisição de activos, ao longo dos próximos meses, o que reveste a reunião do BCE nesta quinta-feira de especial interesse. No mesmo dia serão conhecidas as novas previsões da instituição para a evolução económica da zona euro. Novo Banco Research Económico

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