Parlamento do Iraque culpa ex-primeiro-ministro pela queda de Mossul

Comissão de inquérito quer que Nouri al-Maliki seja julgado pela tomada da cidade pelo autoproclamado Estado Islâmico, no ano passado.

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Nouri al-Maliki foi chefe do Governo entre 2006 e 2014 BRENDAN SMIALOWSKI/AFP

Uma comissão de inquérito do Parlamento iraquiano recomendou este domingo que o antigo primeiro-ministro Nouri al-Maliki seja julgado pela queda da cidade de Mossul para o autoproclamado Estado Islâmico, em Junho do ano passado.

Esta conclusão insere-se numa campanha de combate à corrupção anunciada na semana passada pelo actual chefe do Governo, Haider al-Abadi, que acusa os antigos responsáveis políticos de terem tornado o país ingovernável.

Para além de Nouri al-Maliki – que foi primeiro-ministro entre Maio de 2006 e Setembro de 2014, e vice-presidente até ao passado dia 11 de Agosto – foram também responsabilizados outros antigos governantes, entre os quais Atheel al-Nujaifi, governador de Mossul durante o assalto dos islamistas; Sadoun al-Dulaimi, ex-ministro da Defesa; o general Babakir Zebari; e o tenente-general Mahdi al-Gharrawi, antigo responsável militar da província de Nineve.

A queda de Mossul continua envoltas em mistério, e não se sabe ainda quem deu a ordem para que o Exército iraquiano abandonasse a luta pelo controlo da cidade. Mas a perda da segunda maior cidade do Iraque acabou por ser um ponto de viragem nos planos militares do autoproclamado Estado Islâmico – a partir daí, os islamistas conquistaram grandes porções de território no Norte e no Leste do Iraque, numa ofensiva que se estendeu à Síria.

O antigo primeiro-ministro tem lançado as culpas pela queda de Mossul para outros países, comandantes militares e rivais políticos, mas uma investigação da agência Reuters, publicada em Outubro de 2014, indica que a cidade já tinha poucos militares e que havia lutas internas nas estruturas políticas e militares da região – uma situação que terá gerado o pânico e a fuga da cidade perante a ofensiva do Estado Islâmico.

O novo relatório foi aprovado por 16 dos 24 membros da comissão parlamentar, disse à Reuters o deputado Muhsin Sadoun. Um dos elementos da comissão, Mohammed al-Karabouli, disse que o relatório será votado na segunda-feira no Parlamento, e depois será entregue ao Governo, ao procurador-geral e à comissão de ética.

"Ninguém está acima da lei", afirmou o presidente do Parlamento, Saleem al-Jabouri, numa declaração proferida depois de ter recebido o relatório. "O sistema judicial irá punir os responsáveis e delinquentes."

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