Aos 40 anos, António Simões passa a liderar o maior banco europeu

Português que entrou para o HSBC há 8 anos vai também ocupar um lugar no conselho de administração.

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O banqueiro português está no HSBC desde 2007 José Farinha

António Simões, 40 anos, presidente executivo do maior banco europeu. Oito anos depois chegar ao HSBC, o português foi nomeado presidente-executivo de um dos maiores bancos a nível mundial em termos de activos. Depois de ocupar várias posições na instituição, o banqueiro substitui Alan Keir na presidência do banco para o continente Europeu.

O HSBC Holdings, que detém o HSBC Bank, informou nesta terça-feira em comunicado que o actual presidente-executivo do banco no Reino Unido assume a também pasta da Europa a 1 de Setembro e passa a integrar o conselho de administração do grupo chefiado por Stuart Gulliver.

Por sua vez, Alan Keir, que está na instituição desde 1981 e é presidente executivo do banco no continente europeu desde 2013, anunciou a retirada do cargo e posterior aposentação em 2016.

Antes de ser escolhido para integrar os altos quadros da instituição na city londrina, o português passou também por outras instituições do universo financeiro, o que o levou a viver em Hong Kong, Nova Iorque, Londres, Paris e Milão. Mas foi entre Lisboa e Nova Iorque que fez a formação. Em 1997 concluiu a licenciatura na Nova School of Business como o melhor aluno da turma e fez um MBA na Columbia Business School, onde também leccionou como professor assistente.

Depois seguiram-se posições no banco de investimento Goldman Sachs e na McKinsey & Co, uma empresa de consultoria empresarial norte-americana. A eleição como sócio da McKinsey & Co aos 30 anos constituía, para António Simões, o marco na carreira do qual mais se orgulhava, dizia em Janeiro numa entrevista ao Expresso. Contactado pelo PÚBLICO nesta terça-feira, o banqueiro não quis prestar declarações.

Na entrevista, António Simões referia a visibilidade que um cargo de liderança numa instituição com 43 mil empregados deve ter. Tentar passar o menor tempo possível na “torre” e “visitar um balcão, um call centre, um centro de comercial banking, etc. por dia — ou seja, cinco por semana”, afirmava. O objectivo era visitar todas as dependências do banco caso se mantivesse à frente do HSBC do Reino Unido durante quatro anos. Esteve três. Agora nomeado para chefiar o banco a nível europeu, com um número consideravelmente maior de trabalhadores e dependências, a tarefa prevê-se menos acessível.

Apesar do currículo notável, foi um aspecto da vida privada que lhe deu maior notoriedade. Ser o primeiro CEO assumidamente homossexual no ambiente conservador da banca londrina valeu-lhe alguma projecção mediática e a eleição de gay mais influente da área dos negócios pela rede OUTstanding em 2013, numa lista de 50 altos quadros publicada pelo Financial Times.

Em 2013, António Simões referia ao PÚBLICO que para esbater o preconceito em ambiente profissional foi tendo um papel mais activo do que activista. Ou seja, por exemplo, "ir para uma reunião com pessoas que não se conhece e a certa altura ter de, de forma elegante, dizê-lo”, em resposta a alguém que presumia que era heterossexual.

No ano seguinte, a lista que reconhece os executivos LGBT pelo seu papel de promoção de práticas inclusivas no lugar de trabalho duplicou a contagem para 100 e o banqueiro passou para a segunda posição, a seguir ao presidente executivo da Burberry, Christopher Bailey.

Também fora do sector bancário está o papel no Conselho da Diáspora Portuguesa. António Simões integra o organismo criado em 2012 com o alto-patrocínio do presidente da República que tem o objectivo de estreitar os laços entre Portugal e as suas comunidades de emigrantes.

Fundado em 1865, o HSBC (The Hongkong and Shanghai Banking Corporation) começou por estar sedeado em Hong Kong, então sob o domínio britânico. Mais tarde mudou-se para Londres, onde ainda hoje se mantém, apesar de estar a ser discutida nova localização. 

O HSBC está em 72 países de vários continentes e emprega 266 mil trabalhadores. Stuart Gulliver, que em 2011 tomou posse como presidente executivo do grupo que reúne todas as unidades HSBC, anunciou em Junho que o banco iria implementar um plano de reestruturação a 3 anos, o que implicaria 25 mil despedimentos (cerca de 10% do pessoal) e a venda da actividade no Brasil e na Turquia. Na segunda-feira, o banco apresentou um resultado líquido de 12,5 mil milhões de euros nos primeiros seis meses de 2015, o que significa um aumento de 10% em termos homólogos.

Em Fevereiro de 2015, o consórcio internacional de jornalistas revelou que a filial suíça do banco montou um esquema que ajudava clientes internacionais a esconder avultadas quantias de dinheiro para que estes não pagassem impostos nos países de residência. 

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