Trabalhadores da Soares da Costa reivindicam salários em atraso

Os trabalhadores da empresa em Angola já não recebem salário desde Maio.

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Comissão de Trabalhadores fala de 400 a 500 o número de trabalhadores com salários em atraso Nelson Garrido

Algumas dezenas de trabalhadores da construtora Soares da Costa voltaram esta segunda-feira a concentrar-se à porta do estaleiro da empresa na Rechousa, em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, para reivindicar salários e subsídio de férias em atraso.

Depois de no dia 21 de Julho terem realizado uma concentração naquele local pelas mesmas razões, cerca de 60 trabalhadores reuniram-se de novo à porta do estaleiro para exigir os salários e subsídios de férias em atraso.

Ao som das músicas "Arranja-me um emprego", de Sérgio Godinho, e "Aquilo que eu não fiz", de Tiago Bettencourt, os trabalhadores mostravam um faixa em que se lia "Exigimos o pagamento dos salários [em atraso em Portugal, Angola e Moçambique]! Despedimento colectivo: Não!".

No local, José Martins, da Comissão de Trabalhadores (CT), afirmou que têm decorrido "reuniões constantes" com a administração da empresa e que esta se mostra "sensível" com o problema, contudo, "para já não tem sido possível" pagar aos trabalhadores.

"Temos aqui um número significativo número de trabalhadores que, apara além de não receberem o salário de Julho, também não recebem o subsídio de férias", sustentou, acrescentando que o despedimento colectivo "é uma situação que está a ser ponderada há já algum tempo", mas que não acontece para já por "falta de dinheiro".

A Lusa contactou esta segunda-feira a Soares da Costa, mas a administração da construtora recusou-se a fazer qualquer comentário.

Segundo o membro da CT, actualmente, serão entre cerca de 400 a 500 os trabalhadores com salários em atraso, sendo que "em Angola a situação ainda é mais grave, [porque] nem [o salário de] maio receberam".

Segundo José Martins, a administração alega "falta de obras em Portugal" e que "a maior parte do dinheiro é alocado vindo de Angola", o que implica depois "uma complexa operação de transferência bancária". O membro da CT adiantou que, no âmbito de um despedimento colectivo, estarão já "identificados 272" trabalhadores, mas que "não é efectivado por manifesta falta de dinheiro para o fazer".

Hélder Costa, trabalhador da Soares da Costa, afirmou aos jornalistas iniciar esta segunda-feira o seu período de férias mas que está "à espera do ordenado e subsídio de férias", que totalizam cerca de 1.100 euros. O trabalhador confirmou que já se fala "há algum tempo no despedimento colectivo" e que esta medida não está suspensa, apenas "adiada por falta de verbas". "Assim como nós estamos à espera do salário e do subsídio, a empresa também não tem dinheiro para o despedimento colectivo", sublinhou.

Já Valdemar Alves, que trabalha há 28 anos para a Soares da Costa, disse ter "muitas dificuldades por falta de pagamento do patrão". "Tenho as despesas em curso para pagar. Aqui cada pessoa não é uma só, tem uma família em casa. Se o patrão não pagar como é que a gente vai pagar?", desabafou.

Tiago Oliveira, do Sindicato das Industrias Transformadoras, lamentou que os atrasos no pagamento dos salários já estejam "a protelar-se há muito tempo".

"Gato escaldado de água frio tem medo e os trabalhadores estão aqui a dizer que não aceitam este tipo de política da empresa, que paga quando lhe apetece", frisou o sindicalista, lamentando que até ao momento não haja "nenhuma resposta positiva" por parte da Soares da Costa.

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