NOS “regressa ao crescimento” e PT e Vodafone perdem receitas

Concorrência acrescida reduz proveitos na PT e na Vodafone. Altice diz que há “boas oportunidades” para tornar PT mais rentável.

Foto
A NOS somou 130 mil clientes no móvel no segundo trimestre NICOLAS ASFOURI/AFP

Depois dos resultados trimestrais apresentados pelas principais empresas de telecomunicações, há um dado que salta à vista: a NOS foi a única a conseguir aumentar os proveitos. As receitas da empresa liderada por Miguel Almeida subiram 3,2%, para 356 milhões de euros, com o total de serviços vendidos a clientes a chegar aos oito milhões, naquele que foi “o melhor trimestre de sempre da empresa, com um crescimento em todas as suas linhas de negócio”.

Os números são “sólidos, quer a nível operacional, quer financeiro”, sublinhou o gestor numa conferência telefónica com analistas. São contas que marcam “o regresso [da empresa] ao crescimento nos principais indicadores”, acrescentou. O resultado líquido da operadora controlada pela empresária angolana Isabel dos Santos e pela Sonaecom (dona do PÚBLICO) subiu 30,7%, atingindo 24,1 milhões de euros. E desta vez, ao contrário de trimestres anteriores, já não há impactos da fusão ZON/Optimus a encolher os lucros.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) manteve a tendência de melhoria, subindo 3,6% para 138,5 milhões de euros e a margem EBITDA aumentou 0,2 pontos percentuais para 38,9%. No final de Junho, a NOS tinha 509,8 mil clientes de serviços convergentes (que podem juntar televisão, fixo, móvel e internet), representando cerca de 34% da base total de subscritores de televisão.

O total de serviços convergentes aumentou perto de 143% para 2,44 milhões. A receita média mensal por cliente (ARPU) no residencial fixo subiu 12%, para 42,3 euros. No móvel, a NOS tinha 3,86 milhões de clientes (mais 130 mil no trimestre), aproximando-se um pouco mais da Vodafone, mas ainda a grande distância da PT.

Em Angola, na joint-venture com Isabel dos Santos (a ZAP, onde a NOS detém 30% e a SOCIP 70%), as receitas também subiram (23% para 18 milhões), mas os resultados foram penalizados por um impacto cambial de 2,8 milhões de euros. A desvalorização do kwanza face ao dólar e as incertezas quanto à repatriação de capitais devido ao contexto angolano são factores que pesam sobre a avaliação da ZAP, refere um research do BBVA a que o PÚBLICO teve acesso.

Quanto à PT, foi pela primeira vez incluída nos dados trimestrais da Altice, que assumiu a gestão a 2 de Junho. As receitas desceram 7,1%, para 590 milhões de euros, mas a Altice fala numa “tendência de melhoria”, visto que a queda foi apenas de 0,5% face ao trimestre anterior.

Se os proveitos do negócio fixo residencial subiram 0,3%, para 174,2 milhões, no móvel, os proveitos encolheram 6%, para 145 milhões, o que os novos donos da PT atribuem a “grandes perdas no pré-pago, motivadas por uma política agressiva de preços da concorrência no pós-pago”. Enquanto o ARPU no fixo subiu 4% para 33 euros, no móvel a evolução foi negativa: um recuo de 4% para 7,1 euros. A PT acabou o trimestre com 6,1 milhões de clientes no móvel (menos 80 mil). Mantém, no entanto, a liderança deste mercado.

A Altice refere ainda que o negócio empresarial contraiu 8,1%, o que se explica com a “política agressiva de preços de um concorrente no segmento das pequenas e médias empresas” e com as “perdas de clientes do sector financeiro”, numa alusão à saída da CGD do portefólio de clientes da PT no ano passado.

As receitas do negócio móvel empresarial caíram para 52,3 milhões de euros, enquanto as receitas do fixo empresarial recuaram para 115,8 milhões. Como consequência da queda de receitas, o EBITDA da PT recuou 7,7%, para 225 milhões de euros, empurrando a margem EBITDA para 38,2% (menos 0,3 pontos).

Numa conferência telefónica com analistas, o presidente executivo da Altice, Dexter Goei reiterou “que existem grandes oportunidades na PT” em termos de aumento de margens. Em Janeiro, Goei já tinha afirmado que a margem EBITDA média das empresas da Altice estava próxima dos 48%, havendo por isso espaço para melhorias na PT. 

Os números mais recentes da Vodafone Portugal reflectem também uma quebra de receitas. De acordo com os dados divulgados na semana passada pela “casa mãe”, os proveitos recuaram 14,7% até Junho, para cerca de 517 milhões de euros. As receitas de serviços caíram 2,6% reflectindo aquilo que o grupo de telecomunicações apelidou como a “tendência de convergência de preços no mercado português”.

Em Junho a Vodafone tinha 4,9 milhões de clientes móveis (perdeu 115 mil em três meses), com um ARPU de 12,1 euros, e 357 mil clientes na banda larga fixa (o que inclui os pacotes com televisão), tendo aumentado cerca de 30 mil face a Abril.

 

Sugerir correcção
Comentar