Mulher que levou bebé do Hospital de Faro continua desaparecida

Hospital admite que optou por não usar as obrigatórias pulseiras electrónicas nos recém-nascidos

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Hospital de Faro afinal assegura serviço de neurocirurgia Foto: Virgílio Rodrigues

A mulher que no sábado de manhã retirou o filho recém-nascido de uma incubadora nos cuidados intensivos e saiu do Hospital de Faro com o bebé escondido num saco continuava, ao final da tarde de segunda-feira, a ser procurada pela Polícia Judiciária, com o apoio da GNR e da PSP. A PJ confirmou apenas que já tem as imagens recolhidas pelas câmaras de videovigilância do hospital, que optou por não usar o sistema de pulseiras electrónicas nos bebés, obrigatório por lei.

A intensa operação montada para localizar a mulher, que tem 28 anos, vive em Albufeira e terá antecedentes de toxicodependência, foi posta em curso depois de o Hospital de Faro se ter queixado às autoridades, uma vez que o bebé pode correr risco de vida.

Tudo indica que decidiu sair do hospital, duas horas após o parto, porque temia ficar sem o bebé. Há cerca de um mês, tinha perdido a guarda do filho mais velho, com seis anos, por alegada negligência e maus tratos, segundo a RTP, que adianta que a criança está desde então aos cuidados do Refúgio Aboim Ascensão.

O Hospital de Faro apresentou de imediato queixa às autoridades, porque a vida do bebé, que estava internado no serviço de Medicina Intensiva Neonatal e Pediátrica, poderá estar em risco. “Ela não fugiu”, defende Pedro Nunes, presidente do conselho de administração do centro hospitalar a que pertence a unidade de Faro, sublinhando que o que está aqui em causa "não é um rapto".

O centro hospitalar não adoptou o sistema de pulseiras electrónicas nos bebés, apesar de um despacho ministerial definir este procedimento de segurança como obrigatório, desde 2009, na sequência de uma série de raptos de crianças em maternidades. Este sistema faz soar alarmes sempre que um bebé sai do serviço hospitalar.

“O nosso sistema de videovigilância é constituído por câmaras e o átrio de acesso à enfermaria de puérperas tem um funcionário em permanência” que controla entradas e saídas, explica Pedro Nunes, admitindo que o hospital não usa o sistema de pulseiras electrónicas por opção.

Nos cuidados intensivos, isso nem sequer seria possível porque iria interferir com os monitores, frisa Pedro Nunes. Mas como foi possível que a mulher abandonasse o hospital sem ser interceptada? Aparentemente, saiu com o bebé durante uma mudança de turno, iludindo a vigilância, adianta.

Pedro Nunes diz que, quando chegou ao hospital, em 2012, optou por um sistema de vigilância que acaba por ser “mais caro” do que as pulseiras electrónicas. Estas, segundo afirma, não são fiáveis a 100%.

A maternidade do hospital de Faro é a quarta maior do país, com cerca de 3 mil partos por ano.

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