Obama incentiva quenianos a lutar contra corrupção e discriminação

Presidente dos EUA falou para um estádio cheio em Nairobi.

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Barack Obama foi apresentado pela sua meia-irmã, Auma Carl de Souza/AFP
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Foi o primeiro momento em que Obama teve contacto com uma multidão de quenianos SAUL LOEB/AFP
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O momento da chegada de Obama à Safaricom Indoor Arena SAUL LOEB/AFP
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Auma, a meia-irmã de Obama, no discurso introdutório do Presidente CARL DE SOUZA/AFP
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Obama cumprimenta a assistência SAUL LOEB/AFP
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À espera de Obama, no exterior do complexo desportivo SAUL LOEB/AFP
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Um Presidente feliz SAUL LOEB/AFP

Barack Obama deu um discurso inspirador para um estádio cheio na manhã deste domingo em Nairobi, como fazia na altura da sua primeira campanha para as eleições presidenciais nos Estados Unidos. O Quénia, a pátria do seu pai, “avançou tanto durante a minha vida”, disse Obama. “Não há limites para o que podem conseguir.” Mas, para isso, avisou, há vários perigos no caminho a evitar: a corrupção, a discriminação das mulheres, as divisões étnicas e tribais e o terrorismo.

“Por causa do progresso que teve, por causa do vosso potencial, podem construir o vosso futuro aqui e agora. O Quénia está numa encruzilhada, um momento de perigo mas de enormes promessas”, afirmou Obama, para um estádio com 4500 pessoas, muitas das quais pagaram bilhete para estar ali.

Com um estilo terra-a-terra, o Presidente dos EUA foi dispensando conselhos. Sobre a corrupção, “o mais importante obstáculo a um crescimento mais rápido do Quénia”, porque trava muito do investimento estrangeiro, Obama sublinhou que o dinheiro gasto a pagar subornos seria melhor usado “a pagar o trabalho de uma pessoa honesta”. “As pessoas sentem-se sistematicamente afectadas pela corrupção”, lamentou.

A violência interétnica levou à morte de 1200 pessoas após as muito disputadas eleições de 2007, e Obama deixou o aviso de que a “política com base na etnia destruirá o país”. Falou também no desafio de lidar com os ataques da milícia islâmica somali Al-Shabab, que tem protagonizado atentados violentos e de grande visibilidade, que desencadearam, por sua vez, a vontade de acabar com os imensos campos de refugiados somalis que existem no Quénia. O Presidente norte-americano voltou a prometer a ajuda dos EUA no combate ao terrorismo, como já tinha feito na véspera, ao homólogo Uhuru Kenyatta.

A insistência em tratar as pessoas de formas diferentes traz sempre problemas, como tinha já sublinhado no dia anterior, ao criticar a homofobia generalizada no país – e em África – que faz com que a homossexualidade seja ilegal. Obama deixou também um alerta contra a discriminação das mulheres: “O Quénia não terá sucesso se tratar as mulheres e as meninas como cidadãs de segunda classe.” Não há desculpa para actos como a mutilação genital feminina, o abuso sexual e físico de mulheres, ou negar a possibilidade de ir à escola e continuar os seus estudos às raparigas.

"Não se pode ser complacente e aceitar o mundo tal como ele é. È preciso imaginá-lo como poderia ser", sublinhou.

Os quenianos que assistiram ao discurso de Obama – que foi chamado ao palco pela sua meia-irmã queniana, Auma – ficaram convencidos e extasiados, relata a agência Reuters. “Foi fantástico. Foi mesmo inspirador, em especial para os jovens como nós”, comentou Bramwel Rotich, estudante de 24 anos.

Obama foi aplaudido e fotografado com telemóveis como um ídolo popular e, numa viagem considerada de alto risco, foi o momento em que o Presidente dos EUA se viu de facto rodeado de pessoas, que o tocavam e cumprimentavam. 

Barack Obama partiu já do Quénia para a segunda parte da sua viagem africana, com destino à Etiópia, um país que tem tido um grande crescimento económico, mas que tem severos défices democráticos. Nas eleições legislativas de Maio, a oposição não conseguiu eleger um único deputado.

Na terça-feira, Obama pronunciará um discurso em Addis Abeba, numa reunião da União Africana – será o primeiro Presidente dos EUA a fazê-lo.

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