Crédito malparado equivale a um quase um quarto do empréstimo da troika

Incumprimento dos particulares está a subir desde o início do ano e volta a bater um novo recorde.

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Em Maio, houve um aumento dos depósitos dos particulares em mil milhões de euros Rui Gaudêncio

Os particulares e as empresas continuam a revelar dificuldades em pagar os empréstimos aos bancos. As situações de incumprimento voltaram a bater um novo recorde em Maio. Dos 207.410 mil milhões de euros de empréstimos registados nos balanços das instituições financeiras, 18.850 milhões de euros correspondem a créditos vencidos, um valor que corresponde a quase um quarto do empréstimo da troika a Portugal (78 mil milhões de euros).

De acordo com dados publicados nesta terça-feira pelo Banco de Portugal, os empréstimos em incumprimento equivalem a 9% do total. Houve um aumento das situações de crédito malparado para novos máximos, tanto no caso das empresas como dos particulares.

Embora tenha diminuído no crédito ao consumo, o malparado aumentou no crédito à habitação, fazendo com que os dados globais do incumprimento das famílias se tenham agravado. Alguns números: os empréstimos vencidos dos particulares ascendiam em Maio a 5440 milhões de euros, o correspondente a 4,5% de 12.2176 milhões de crédito concedido. No mês anterior, a percentagem era de 4,4% e um ano antes estava em 4,2% do total. O incumprimento dos particulares está, aliás, a subir desde o início do ano. Depois de ter estabilizado entre Setembro e Dezembro do ano passado, houve um agravamento consecutivo de mês para mês.

No caso dos empréstimos à habitação, o malparado corresponde a 2,53%. O valor dos empréstimos que não foram pagos dentro do prazo é de 2540 milhões de euros, face aos 100.252 milhões concedidos pelos bancos e outras instituições financeiras. Esta é a percentagem mais elevada de que há registo na base de dados do Banco de Portugal, que tem informação estatística sobre o crédito malparado desde 1997.

Os números do supervisor bancário indiciam que, quando as famílias se vêem confrontadas com dificuldades em pagar os seus empréstimos, deixam primeiro de cumprir com o pagamento dos créditos ao consumo, onde o malparado é bem mais alto. Neste segmento, houve no entanto um ligeiro recuo. De 12.146 milhões de euros concedidos, 10,79% correspondem a crédito malparado, ou seja, 1311 milhões, abaixo dos 10,89% registados no mês anterior.

Do lado das empresas, o malparado é ainda mais elevado, com a percentagem a atingir 15,7% do valor dos empréstimos (13410 milhões de euros de 85.234 milhões de financiamento concedido). Na construção, a percentagem voltou a aumentar, ficando já acima de 31%.

O Banco de Portugal actualizou ainda dados relativos aos depósitos. De Abril para Maio, houve uma queda de 1170 milhões de euros nos depósitos das empresas, que passaram de 30.358 milhões para 29.188 milhões (uma diminuição de 3,85%). Em contrapartida, houve um reforço do lado dos particulares, com os depósitos a aumentarem de 132.754 milhões de euros para 133.846 milhões, ou seja, mais 1092 milhões (0,82%).

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