Banco da China injecta mais dinheiro para estancar forte queda da bolsa

Novo reforço de capital no mercado de 50 mil milhões de yuans é mais uma tentativa para evitar a derrocada. Mais de 750 cotadas pediram a suspensão temporária na bolsa de Xangai e de Shenzen.

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Pressão vendedora coloca maior parte das cotadas chinesas no vermelho. Foto: Aly Song/Reuters

As recentes medidas das autoridades chinesas para estancar a derrocada do mercado accionista não estão a dar os resultados pretendidos e, esta terça-feira, o Banco Popular da China (BPC) anunciou uma nova injecção de capital no mercado, no montante de 50 mil milhões de yuans (7,4 mil milhões de euros).

A quarta injecção desde o dia 25 de Junho acontece num dia que os principais índices bolsistas voltaram a apresentar quedas expressivas de 5%, reveladoras do pânico vendedor dos investidores. O encerramento dos principais índices ficou, no entanto, acima das perdas máximas da sessão, como foi o caso do CSI 300, que encerrou a perder perto de 2%, e do SSE Composite, que recuou 1,26%.

Mas a queda da bolsa chinesa, que nas últimas três semanas perdeu mais de 30%, está a ser travada pela quantidade de empresas que pediram a suspensão da negociação com recurso a um artifício: o de que vão divulgar informação relevante. O esquema, utilizado por mais de 750 empresas cotadas, cerca de 25% do mercado, pretende apenas evitar maiores desvalorizações, na esperança de que o pânico que se instalou nos investidores possa passar rapidamente.

Somando a nova injecção de capital feita pelo banco central, às outras iniciativas semelhantes iniciadas em Junho, as medidas das autoridades já ascendem a 420 mil milhões de yuans (62 mil milhões de euros).

As últimas acções, tomadas este fim-de-semana e que foram bem recebidas na sessão de segunda-feira, incluíram o investimento de, pelo menos, 120 mil yuans (perto de 19.330 milhões de dólares ou 17.472 milhões de euros) a realizar por grandes corretoras chinesas na compra de acções, de forma a travar a pressão vendedora.

Paralelamente, o conselho de estado chinês suspendeu a realização de 28 ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês), algumas das quais já tinham sido iniciadas. E a China Securities Regulatory Commission, a autoridade supervisora da bolsa, também anunciou que está a investigar eventuais acções de manipulação do mercado.

A desvalorização das últimas semanas, que acontecem depois de uma valorização de 150% no último ano, tem ficado a dever-se ao facto de muitos investidores terem sido pressionados a vender parte das suas carteiras para pagarem empréstimos que contraíram para investir na bolsa.

Muitas empresas de corretagem chinesas recorrem ao chamado margin call, um sistema através do qual emprestam dinheiro aos investidores para comprar uma carteira de acções. Os investidores entram com uma pequena parte do capital, dando as acções como garantia. Mas sempre que a carteira desvaloriza, ficam obrigados a reforçar a margin call, recorrendo, no caso de não terem liquidez, à venda dos títulos.

As corretoras também ficam com a possibilidade de, na ausência de reforço por parte do investidor, proceder à venda automática dos títulos, criando maior pressão no mercado.

A queda da bolsa chinesa nas últimas semanas também tem sido potenciada por vendas de títulos de forma a libertar liquidez para aplicar nos inúmeros IPO em agenda, entretanto suspensos.

Há ainda uma terceira razão, talvez a mais importante, que se prende com o abrandamento da economia chinesa e a ideia de que alguns activos chineses possam estar sobrevalorizados. No primeiro trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto cresceu a um ritmo (7%) que é o mais baixo desde 2009.

O investimento em bolsa acelerou no último ano e foi incentivado pelo governo chinês, que com isso quis retirar alguma pressão ao abrandamento registado no mercado imobiliário.

A evolução da bolsa chinesa está a ser acompanhada, com apreensão, pelos restantes mercados mundiais, representado um factor de incerteza, que se vem juntar à crise grega.

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