Bolsa chinesa em alta após anúncio de medidas de emergência

Governo suspendeu admissões de novas empresas e "obrigou" corretoras a comprar acções.

Foto
Governo chinês tenta travar queda da bolsa. Reuters

Os principais índices de acções da China encerraram em alta, reagindo positivamente a um conjunto de medidas de emergência tomadas pelas autoridades do país para travar a forte queda da bolsa de Xangai.

O maior índice da bolsa de Xangai, ou Shanghai Stock Exchange (SSE), encerrou nesta segunda-feira a ganhar 2,4%, abaixo do máximo de 7,8% que registou ao longo da sessão. O índice das 300 maiores empresas cotada (CSI300), listadas em Xangai e na bolsa de Shenzhen, encerrou com uma valorização de 2,9%, também abaixo do máximo da sessão.

A recuperação dos índices acontece depois de, no fim-de-semana, as autoridades chinesas terem anunciado um conjunto de medidas para estancar a queda que se tem verificado nas últimas semanas, com destaque para o compromisso colectivo de grandes corretoras chinesas de investirem, pelo menos,120 mil yuans (perto de 19.330 milhões de dólares ou 17.472 milhões de euros) num fundo destinado à compra de acções.

Paralelamente, o conselho de estado chinês suspendeu a realização de 28 ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês), algumas das quais já tinham sido iniciadas. A China Securities Regulatory Commission, a autoridade supervisora da bolsa no país, também está a investigar eventuais acções de manipulação do mercado.

Apesar dos sinais de inversão das quedas, que na última semana ascenderam a 12% no SSE, os analistas mostram-se cautelosos em relação à estabilização do mercado.

Citado pela Reuters, Hong Hao, estratega da Bocom Internacional, disse que ainda é muito cedo para avaliar se as medidas de emergência que o Governo chinês tomou vão estabilizar o mercado.

A queda das últimas semanas tem ficado a dever-se ao facto de muitos investidores terem sido pressionados a vender parte das suas carteiras para pagarem empréstimos que contraíram para investir na bolsa.

Muitas empresas de corretagem chinesas recorrem ao chamado margin call, um sistema através do qual emprestam dinheiro aos investidores para comprar uma carteira de acções. Os investidores entram com uma pequena parte do capital, dando as acções como garantia. Mas sempre que a carteira desvaloriza, ficam obrigados a reforçar a margin call, recorrendo, no caso de não terem liquidez, à venda dos títulos.

As corretoras também ficam com a possibilidade de, na ausência de reforço por parte do investidor, proceder à venda automática dos títulos, criando maior pressão no mercado.

A queda da bolsa chinesa nas últimas semanas também tem sido potenciada por vendas de títulos de forma a libertar liquidez para aplicar nos inúmeros IPO em curso. Estas operações, quando bem-sucedidas, têm associadas perspectivas de valorização imediatas.

Há ainda uma terceira razão, talvez a mais importante, que se prende com o abrandamento da economia chinesa e a ideia de que alguns activos chineses possam estar sobrevalorizados.

A evolução da bolsa chinesa está a ser acompanhada, com apreensão, pelos restantes mercados mundiais, representado um factor de incerteza, que se vem juntar à crise grega.

Sugerir correcção
Comentar