Estado analisa propostas de compra do Efisa

Licença bancária do banco disputada por investidores nacionais e internacionais.

Foto
Efisa fazia parte do universo do BPN AFP PHOTO/ JOAO CORTESAO

Quase sete anos depois da nacionalização do BPN, e após duas tentativas falhadas de venda do Banco Efisa, a Caixa BI tem em cima da mesa ofertas vinculativas por esta instituição financeira, o que pode ser um sinal de que o dossier que se arrasta desde 2010 pode estar prestes a ser fechado.

Um responsável da Parparticipadas, a entidade que rentabiliza as participações do ex-BPN, disse ao PÚBLICO que até final da próxima segunda-feira deverá haver condições para “poder facultar informações mais detalhadas sobre o processo” de alienação do banco de investimentos que está no mercado pela terceira vez. Nesta última fase de alienação, levantaram o caderno de encargos mais de 15 entidades, entre elas estão investidores chineses, portugueses e de outras nacionalidades, associados a fundos e sociedades financeiras. Mas desconhece-se quais deste lote acabaram nesta sexta-feira, dia 3 de Julho, por avançar com propostas firmes (com preço vinculativo).

Com capitais próprios de 16 milhões de euros, créditos de risco e participações financeiras problemáticas, o Efisa não tem sido fácil de gerar interesse. Mas num contexto de entraves à entrada de novos operadores no sector bancário nacional, a Parparticipadas dispõe de um trunfo na negociação: o facto de o banco possuir uma licença bancária universal, que permite ao comprador desenvolver a actividade não só na banca de investimento, mas também na área de retalho. E possibilita a um investidor não europeu abrir, a partir de Portugal, uma sucursal em qualquer país da zona euro.

O primeiro concurso público para venda do banco de investimentos que foi liderado por Abdool Vakil, antes da nacionalização, decorreu em 2010, mas ficou vazio. O que voltou a acontecer em Novembro de 2012. E já nesta última fase, houve novo percalço com a prorrogação do prazo limite para a entrega das ofertas vinculativas.

Na altura, há cerca de um mês, o Diário Económico avançou que um grupo chinês, “cuja identidade não foi revelada, se mostrou disponível para fazer uma proposta muito competitiva”, o que ditou a prorrogação do prazo. Mas este dado seria pouco depois contestado pela Parparticipadas que alegou que “o adiamento foi concedido” para possibilitar responder a “todos os interessados” no processo “por força de um volume significativo de questões”, para além “do normal due diligence que está a ser efectuado."

Já na tarde desta sexta-feira, e depois de terminar a data limite para a apresentação das propostas vinculativas, o Diário Económico noticiou que a Patris, liderada por Gonçalo Pereira Coutinho, assim como um grupo chinês, concretizaram o interesse no Efisa. A Patris detém já a seguradora Real Vida, a corretora Fincor e o BPN Gestão de Activos, os três ligados ao antigo grupo presidido por Oliveira Costa, e adquiridos ao Estado após a nacionalização.

A comissão de trabalhadores da Parparticipadas/Parvalorem já veio questionar a operação e apelar à manutenção dos postos de trabalho. Em comunicado emitido há cerca de um mês, notou que “a preocupação da comissão de trabalhadores está sobretudo no facto de existirem muito trabalhadores da empresa que se encontram afectos à prestação de serviços" ao Efisa e que "seria importante e justo que o comprador” os absorvesse, pois, na prática, “encontram-se a garantir toda a operação”. Mas “tememos que assim não seja”, uma vez que, na alienação da BPN Crédito “o Estado não impôs qualquer obrigatoriedade contratual aos eventuais compradores do banco relativa aos trabalhadores da Parvalorem” e “menos de um mês após a venda”, foi anunciado o despedimento de 87 trabalhadores.

Sugerir correcção
Comentar