Quando os telefones móveis ainda não cabiam no bolso, o engenheiro finlandês Matti Makkonen deu um grande impulso à tecnologia que permitia enviar pequenas mensagens de texto entre estes aparelhos. É considerado o “pai” – ou, pelo menos, um dos “pais” – do SMS. Morreu a 26 de Junho, aos 63 anos, devido a uma doença.

Como aconteceu com muitas outras tecnologias, do conceito à massificação foram vários passos que envolveram mais do que uma pessoa. Makkonen, que não gostava de ser considerado o inventor das mensagens de texto (e que não registou qualquer patente), teve uma carreira discreta, e manteve-se quase sempre longe da atenção mediática. 

Foi em 1984 que Makkonen avançou com a ideia de fazer circular mensagens de texto pelas redes de comunicações. Estava a comer numa pizaria com outros dois finlandeses, numa pausa de uma conferência sobre o futuro das redes de comunicações.

Na altura, o engenheiro estava envolvido no desenvolvimento da tecnologia GSM, essencial para o funcionamento dos telemóveis e que viria a estrear-se em 1992, na Finlândia. Em 1985, o engenheiro alemão Friedhelm Hillebrand (outro dos “pais”) determinou o limite de 160 caracteres. Makkonen fazia questão de frisar que o telemóvel foi um trabalho colectivo. À BBC, afirmou, em 2012, que foi a Nokia a responsável por lançar os SMS. “O verdadeiro lançamento do serviço, na minha opinião, foi quando a Nokia introduziu o primeiro telefone que permitiu a escrita fácil de mensagens” – referia-se ao modelo 2010, de 1994.

Matti Makkonen nasceu a 16 de Abril de 1952 e teve uma carreira sempre ligada às telecomunicações. Trabalhou para a Nokia e para a operadora Finnet Oy. Em 2008, recebeu um prémio de inovação da revista britânica The Economist.

Há três anos, o engenheiro deu uma entrevista à BBC – por SMS. Explicou que na década de 1980 não encarava o SMS como uma forma de comunicação autónoma . “Era apenas uma funcionalidade do revolucionário sistema de comunicações móveis”. 

Actualmente, na era dos smartphones, os SMS – apesar de muito mais baratos do que nos primeiros tempos – estão em declínio, substituídos em parte por aplicações como o Facebook Messenger e o WhatsApp, que permitem comunicar por texto em qualquer dispositivo ligado à Internet. 

Na entrevista à BBC, Makkonen afirmou que as mensagens de texto terão um futuro longo, ainda que não necessariamente no mesmo formato. “Creio que o uso fiável e conveniente de mensagens de texto vai ficar para sempre. Não é necessariamente aquilo a que chamamos SMS. Acabaram os pagamentos por mensagem”.