Dois dirigentes da Uber detidos em França

Detenções no âmbito de um inquérito ao serviço Uber Pop, que esteve na origem dos protestos dos taxistas na última quinta-feira.

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Os taxistas em França acusam a Uber de "concorrência desleal" e querem a sua saída do país BERTRAND LANGLOIS/AFP

Dois dirigentes da Uber foram detidos nesta segunda-feira em França, avança a AFP. As detenções ocorreram no âmbito de um inquérito ao serviço Uber Pop, segundo uma fonte da polícia, citada pela agência.

O Le Monde avança, por sua vez, que se trata do director-geral da Uber em França, Thibaut Simphal, e do responsável da empresa norte-americana para a Europa Ocidental, Pierre-Dimitri Gore-Coty.

A investigação em causa foi iniciada em Novembro de 2014 e centra-se na forma como os clientes procuram o transporte privado feito por motoristas não licenciados que são pagos sem que a sua remuneração fique sujeita a encargos sociais, como a maioria dos trabalhadores, uma das principais críticas feitas pelos taxistas profissionais a trabalhar em França.

As detenções acontecem quatro dias depois de um protesto no país organizado por taxistas, que acusam ainda a Uber de “concorrência desleal”. As manifestações, que ocorreram em várias cidades francesas, incluindo Paris, ficaram marcadas pela violência entre taxistas e polícia e a destruição de viaturas que respondem aos pedidos de transporte privado feito através da aplicação móvel Uber e do seu serviço Uber Pop.

Durante os protestos de quinta-feira, várias foram as reacções não só das associações de táxis como de partidos políticos, do Governo e do próprio Presidente francês. François Hollande condenou a violência dos protestos, e descreveu as manifestações como “violência inaceitável numa democracia, num país como a França”, segundo a Lusa, mas acrescentou que a “UberPop deveria ser dissolvida e declarada ilegal”. O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, lançou uma acção legal para a proibição da actividade da empresa em França.

Recentemente, o serviço Uber Pop foi proibido em Itália, cuja justiça considerou que a empresa sedeada nos Estados Unidos pratica a “concorrência desleal” perante os serviços prestados pelos taxistas profissionais italianos, uma acusação que se tem repetido em vários países, incluindo em Portugal, onde existem os serviços UberX e UberBlack.

O Uber Pop pode ser prestado por motoristas não profissionais, sem formação específica e sem licença e a preços mais baixos do que as tarifas praticadas pelos taxistas profissionais. Em França, a Uber reclama ter 400 mil utilizadores desde que o serviço Uber Pop chegou ao país em 2011.

Segundo uma lei de 2014, os condutores não registados arriscam uma pena de prisão até um ano, o pagamento de uma coima de 15 mil euros e a confiscação do veículo. Após a votação desta lei, a Uber apresentou duas queixas contra França junto da Comissão Europeia a exigir a sua anulação.

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