Tsai está a rodar em seco

Obra de imagens fulgurantes e momentos de grande melodrama perdidos numa completa aridez narrativa.

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Cães Errantes, de Tsai Ming LIang é uma experiência de endurance. DR

Tsai Ming Liang já disse publicamente ter perdido o interesse pelo cinema, e aqui entre nós não é difícil percebê-lo face a uma experiência de endurance como Cães Errantes.

Obra de imagens fulgurantes e momentos de grande melodrama perdidos numa completa aridez narrativa, a mais recente longa do cineasta malaio-taiwanês é um drama deliberadamente desconstruído e estilhaçado sobre as provações de uma família que sobrevive como pode nas ruas de Taipei. Os seus tours-de-force formalistas (como aquele plano fixo de 15 minutos durante o qual Lee Kang Sheng se ataca a uma couve que a filha tornou em substituto maternal) sugerem uma obra que provavelmente faria mais sentido como instalação multimédia do que como experiência de visionamento em grande ecrã; Cães Errantes parece dizer que Tsai está a rodar em seco, a filmar “porque sim”. 

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