Presidente do Sindicato dos Pilotos diz que enfrentou "estoicamente as adversidades”

“Alertámos os pilotos para todas as ameaças que despontam no horizonte”, diz Manuel Santos Cardoso.

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A greve dos pilotos da TAP durou dez dias Raquel Esperança

O presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), Manuel Santos Cardoso, que na quinta-feira renunciou ao cargo, afirma que se entregou “totalmente à causa dos pilotos e em todos os momentos enfrentou estoicamente as adversidades”.

Em carta aos associados, Santos Cardoso diz que os motivos da renúncia “pouco” importam, garantindo que nos cerca de seis meses em que liderou o SPAC deu o seu melhor, "em condições bastante adversas, (...) sem ceder a pressões externas, nem a interesses particulares”.

“Sobre os motivos desta renúncia, pouco importa. O passado não se pode mudar. Mas o futuro está à nossa frente e não parece que vá ser um futuro fácil”, lê-se na comunicação a que a Lusa teve acesso. O presidente cessante do SPAC adianta que, quando se candidatou e venceu as eleições para o sindicato, sabia que ia ter que enfrentar “obstáculos formidáveis”, realçando que, “apesar de todas as dificuldades e incompreensões, as deliberações foram integralmente cumpridas, no pleno respeito pelos Estatutos e pelos presentes nas assembleias em causa”.

O comandante da TAP foi eleito presidente do SPAC em Outubro, derrotando as duas listas concorrentes, e iniciou em meados de Novembro o mandato de dois anos.

Nestes seis meses, a única vez que Santos Cardoso apareceu publicamente foi em entrevista à Lusa, na semana que antecedeu a greve de dez dias, para defender as razões dos pilotos avançarem com este protesto, que acabou por ter uma adesão abaixo do esperado pelo SPAC, tendo-se realizado cerca de 70% da operação da TAP.

Antes, em Dezembro, representou o SPAC nas negociações com o Governo e com a administração da TAP que levaram à constituição de um grupo de trabalho que negociou a inclusão de um conjunto de cláusulas no caderno de encargos à privatização da transportadora aérea, condição para desconvocar uma greve entre o Natal e o Ano Novo.

Na véspera de Natal, o SPAC foi um dos nove sindicatos da TAP que desconvocaram a greve marcada para os dias 27 a 30 de Dezembro. Em meados de Abril, os pilotos acabam por romper com este acordo, alegando que o Governo estava a desrespeitar o acordo de 1999 – que lhes dava uma participação na companhia em caso de privatização – e de pretender incumprir o negociado quatro meses antes. Em assembleia-geral, os pilotos da TAP aprovaram uma greve de dez dias, com início a 1 de Maio.

Santos Cardoso reconhece que “a direcção poderia ter adoptado a postura mais confortável de iludir os pilotos sobre os riscos futuros e nada ter feito ou proposto”. “A nossa consciência não o permitiu. Cumprimos com integridade o nosso dever e alertámos os pilotos, em devido tempo, para todas as ameaças que despontam no horizonte", acrescenta na carta enviada aos associados.

De saída, alerta que “o Governo e as administrações vão continuar a querer impor as responsabilidades que eles próprios não querem assumir e, em concreto, querem iludir-nos com esta privatização do grupo TAP”, deixando um apelo à união da classe profissional. O SPAC convocou eleições na quinta-feira, que se vão realizar a 29 e 30 de Junho e a 1, 2 e 3 de Julho. Podem ser apresentadas candidaturas aos órgãos sociais do SPAC até dia 8 de Junho.

Na comunicação, Manuel Santos Cardoso deixou ainda um apelo para que “se constituam as necessárias candidaturas para a demonstração da vitalidade desta instituição e dos pilotos”.

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