CP quis acabar com os comboios directos do Rossio para Sintra

Empresa queria apostar na ligação Sintra – Oriente, mas Basílio Horta diz que a maioria dos turistas que viajam de comboio para Sintra apanham o comboio no Rossio.

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A CP vai mudar os horários nas linhas de Sintra, Cintura e Azambuja, mas vai manter a ligação directa entre o Rossio e Sintra por insistência de Basílio Horta que temia a perda de visitantes, sobretudo estrangeiros, que costumam apanhar o comboio na baixa lisboeta.

Deste modo o Rossio manterá algumas ligações directas a Sintra, mas inaugurará um novo serviço para Meleças

A proposta de horário da CP pretendia acabar com a “família” comboios Sintra-Rossio e substitui-la por ligações directas entre Meleças e Rossio. De Sintra passaria a haver apenas comboios para o Oriente.

A ideia era responder a fluxos de procura que indicam uma maior atracção dos passageiros do eixo de Sintra pelas estações da linha da Cintura (Sete Rios, Entrecampos e Roma-Areeiro) do que pela histórica estação do Rossio. Em contrapartida, para esta última passaria a haver uma “família” Meleças-Rossio.

Segundo o presidente da Câmara da Sintra, Basílio Horta, que falava na reunião do executivo, a negociação do novo horário com a CP “não foi fácil”, mas foi possível assegurar “uma questão essencial, que era manter a estação do Rossio” por causa dos turistas que visitam a vila de Sintra.

Nos guias turísticos internacionais é indicado aos visitantes de Lisboa que para visitarem Sintra devem apanhar o comboio na histórica estação do Rossio, a qual, já por si, merece também algumas linhas pela sua arquitectura e interesse patrimonial.

No entanto, para a CP esta estação já não tem a mesma importância enquanto pólo gerador de tráfego que teve até há poucas décadas. Os hábitos dos lisboetas alteraram-se e estes vivem mais, trabalham mais e compram mais na parte alta da cidade, que é atravessada pela linha da Cintura.

Por outro lado, o fecho do túnel do Rossio, que esteve em obras entre 2004 e 2008, acentuou a redução da procura para aquele destino pois as pessoas da linha de Sintra habituaram-se a viajar para Sete Rios e Entrecampos. Depois da reabertura do túnel, em 2008, a estação do Rossio não voltaria a ter o mesmo movimento de passageiros que tinha antes do seu encerramento.

E é tendo em conta as novas realidades da mobilidade na Grande Lisboa que a CP vai alterar a sua oferta nas linhas de Sintra e Azambuja. Na última vez que o fez foi em Cascais, com uma redução de 51 comboios diários, mas o PÚBLICO apurou que neste caso não haverá uma diminuição da oferta, mas sim alterações nos horários e nas “famílias” de comboios.

Uma delas é precisamente o facto de Sintra passar a ter ligações directas para o Rossio e para o Oriente. A outra é o Rossio ter comboios para Sintra e para Meleças.

Segundo a Lusa, Basílio Horta congratulou-se com o empenho do presidente da CP, Manuel Queiró, e dos vereadores Rui Pereira (PS) e Luís Patrício (PSD), em representação da Câmara, no acordo alcançado com a trasportadora ferroviária.

Para Basílio Horta, a extensão do passe da CP à estação de Meleças-Mira Sintra, na Linha do Oeste, é também "uma alteração fundamental na via", assim como a "incorporação do estacionamento no próprio bilhete" do comboio.

O vereador do Trânsito e Mobilidade Urbana, Luís Patrício, esclareceu na reunião do executivo que o alargamento do passe da CP a Meleças-Mira Sintra, em vez de apenas dar até ao Cacém, pode ter "um atractivo adicional", pois significa que moradores que até agora deixam o carro em zonas mais saturadas, como Rio de Mouro ou Cacém, agora podem deixar em Meleças.
 

Com Lusa

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