Maioria de europeus residentes no Reino Unido não vota no referendo de Cameron

Só cidadãos irlandeses, de Malta e de Chipre poderão participar na votação de 2017, vai anunciar o primeiro-ministro.

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As propostas de David Cameron serão lidas pela rainha Isabel, no discurso de quarta-feira Toby Melville/REUTERS

Para além dos britânicos de gema, os únicos estrangeiros que poderão votar no referendo de 2017 sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia são os naturais da Irlanda com nacionalidade britânica ou os residente que sejam naturais de um dos países europeus que também fazem parte da Commonwealth. Esta é a proposta que David Cameron vai apresentar e que fará parte do discurso da rainha Isabel, na quarta-feira. Mas, entretanto, prepara-se uma disputa com os escoceses e os trabalhistas sobre a idade mínima para votar.

Isto quer dizer que irlandeses, malteses e cipriotas com mais de 18 anos que residam no Reino Unido podem votar, tal como cidadãos britânicos que vivam noutro país há menos de 15 anos, dirá a lei sobre o referendo que será apresentada no Parlamento de Londres na quinta-feira. “É uma resposta adequada do Governo. Permitir que outros cidadãos europeus votassem no nosso referendo seria uma diluição inaceitável da voz do povo britânico”, afirmou o conservador eurocéptico Liam Fox, citado pelo site Huffington Post do Reino Unido.

Mas o Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla em inglês) também tem propostas a fazer: quer que a idade de voto seja reduzida para os 16 anos – como aconteceu na consulta sobre a independência da Escócia, no ano passado. E os trabalhistas, que anunciaram no fim-de-semana que afinal estão de acordo que se realize o referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, estão dispostos a apoiar esta pretensão do partido liderado por Nicola Sturgeon.

“Os jovens são o nosso futuro. O Reino Unido é deles – e a Europa também – portanto devem ter o direito a expressar a sua opinião”, escreveu num artigo de opinião no jornal The Guardian Angus Robertson, líder do SNP no Parlamento britânico, defendendo o direito a votar dos jovens com 16 e 17 anos.

Mesmo que a proposta de emenda da lei do SNP apoiada pelo Labour seja derrotada na Câmara dos Comuns, onde o Governo tem uma maioria de 11 deputados, diz o Guardian, os trabalhistas esperam conseguir levar a sua avante na Câmara dos Lordes, onde os conservadores não têm a maioria: o Labour tem 212, os liberais-democratas, que são a favor de votar aos 16 anos, têm 100 lordes. Os conservadores têm apenas 224, nota o jornal.

Mas nem os tories estão unidos sobre como se deve processar a votação no referendo, diz o jornal The Independent, citando uma fonte no partido de David Cameron. “Há alguns deputados a favor e outros contra baixar a idade do voto até os 16 anos”. Tudo estará ainda em aberto, portanto, sobre as regras do referendo.

Esta noite, Cameron inicia uma ofensiva de charme junto dos líderes europeus para os tentar convencer sobre os temas de reforma da União Europeia que ele quer absolutamente discutir antes de convocar o referendo sobre a continuação do Reino Unido na EU.

Recebe para jantar o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, na sua casa de campo em Chequers, para tentar apagar o mau ambiente ficou entre os dois, porque Cameron se opôs a que Juncker fosse o escolhido para liderar a Comissão.

A partir de quinta-feira, será um corrupio para Cameron: terá um pequeno-almoço de trabalho com a primeira-ministra dinamarquesa, Helle Thorning-Schmidt, encontrar-se-á com o chefe do Governo holandês, Mark Rutte, e finalmente jantará no Eliseu com o Presidente francês, François Hollande. Na sexta-feira, começa o dia de trabalho em Varsóvia, com a primeira-ministra polaca, Ewa Kopacz, e termina com a chanceler alemã, Angela Merkel.

Na verdade, Cameron espera encontrar-se, para falar frente-a-frente, com todos os líderes dos Vinte e Oito antes da próxima reunião do Conselho Europeu, marcada para Junho, para falar das mudanças que deseja impor na UE ainda antes do referendo de 2017.
 

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