Associação Precários Inflexíveis pede contratação de um em cada dois estagiários

Precários Inflexíveis apresentaram plano de emergência de combate ao desemprego com 43 medidas que querem ver incluídas nos programas eleitorais dos partidos

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Movimento apela a todos os desempregados, subempregados e precários Foto: Nuno Ferreira Santos

A contratação obrigatória de um em cada dois estagiários foi uma das novas medidas apresentadas pela Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis (ACP-Pi), esta quinta-feira, de um conjunto de 43, divididas por sete eixos. Aproveitando a proximidade das legislativas, a ACP-Pi mostrou-se disponível para dar a conhecer as propostas aos partidos, com os quais já começou a contactar, para que estes as incluam nos seus programas eleitorais.

Entre as medidas, por exemplo, a associação reforça a importância de ser feita uma regularização dos recibos verdes, para um real acesso a direitos, entre os quais, licenças, férias e o 13º mês; de serem feitos descontos, tendo por base o valor real dos rendimentos auferidos; propõem ainda 35 horas de trabalho semanal e um aumento do período de estágio de 9 para doze meses, para garantir o acesso a apoios sociais.

Para denunciar uma “utilização abusiva” dos estagiários, a associação lembra que já promoveu duas campanhas designadas como SOS Estagiários. Por outro lado, em declarações ao PÚBLICO, João Camargo, porta-voz da ACP-PI, nota que “existem pessoas com mais de 100 contratos”. Acrescentando que, as renovações contratuais correspondem a “uma realidade” à qual algumas pessoas são sujeitas “no mesmo local e a desempenharem as mesmas funções”. Para já, a proposta é limitar para três os contratos. Ao mesmo tempo, a associação defende uma nova taxação sobre os lucros das empresas que utilizam um sistema de precaridade laboral que facilita contratações rotativas.

Na lista de 43 propostas para combater o desemprego, a associação Precários Inflexíveis incluiu ainda uma maior fiscalização, a revogação dos contratos de exclusividade e um aumento das bolsas atribuídas .

Joana Campos, membro dos Precários Inflexíveis, destaca o quadro de precaridade em que vivem os bolseiros onde, sublinha, "não tem sido feito absolutamente nada”. Em 2014, a propósito de um inquérito feito a investigadores, a ACP-Pi concluiu que 78% dos inquiridos nunca tinham chegado a estabelecer um vínculo laboral e que as áreas mais afectadas pelo desinvestimento na investigação eram Humanidades e Ciências Sociais. Sem bolsas atribuídas, as pessoas ou “desistem da profissão ou procuram qualidade de vida noutros países”, concluiu a porta-voz.

Neste momento, o desemprego atinge mais de 900 mil portugueses e mais de metade da população empregada encontra-se numa situação precária. 
 

Texto editado por Andrea Cunha Freitas

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