António Mexia vai liderar associação europeia de empresas eléctricas

Incentivos ao investimento e diminuição da carga fiscal na factura eléctrica estarão no topo das reivindicações do lobby eléctrico, sedeado em Bruxelas.

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O presidente da EDP vai substituir o alemão Johannes Teyssen na liderança da Eurelectric Paulo Ricca

O presidente da EDP, António Mexia, vai assumir a partir de Junho a presidência da Eurelectric, a associação europeia de empresas de geração e distribuição de electricidade, confirmou o gestor ao PÚBLICO. Entre as prioridades da associação que faz lobby pela defesa das posições do sector eléctrico junto da Comissão Europeia, e que é actualmente liderada pelo alemão Johannes Teyssen, da E.On, estão as "mudanças que o sector precisa ao nível dos incentivos ao investimento e de uma estratégia que volte a pôr o enfoque no cliente final”, comentou Mexia.

Sem querer entrar em detalhes sobre a estratégia futura da Eurelectric, uma vez que só será formalmente indicado para o cargo no início de Junho, o gestor notou que um dos objectivos da associação passa pelo “aumento da transparência no valor da energia eléctrica”. “O preço da energia subiu na Europa, isso está claro, mas do ponto de vista genérico, a subida deve-se ao aumento da carga fiscal”, afirmou o líder da EDP, que ocupa actualmente o cargo de vice-presidente da Eurelectric, em cujo conselho de administração se encontra também João Manso Neto, presidente executivo da EDP Renováveis.

Para Mexia, são os impostos e taxas “o principal custo” de um sistema “onde se mete tudo e mais alguma coisa”. Exemplo disso é a taxa do audiovisual, “que devia estar junto de quem tem conteúdos” e não na factura eléctrica. “Tenho de tirar do sistema custos que nunca lá deviam ter estado”, frisou o presidente da EDP, que antecipa "muitas viagens a Bruxelas" na sequência do novo cargo, que ocupará durante dois anos.

Mas também em Portugal, António Mexia espera boas notícias para as empresas. Com a actual legislatura a chegar ao fim, o presidente da EDP diz que “é tempo de voltar à normalidade”. Recordando o conjunto de medidas que reduziram as receitas do sector (os chamados cortes nas rendas da energia que, segundo o Governo, rondaram os 3,4 mil milhões de euros), o presidente da EDP diz que permitiram “reduzir significativamente os custos do sistema eléctrico” e por isso o tema "deve ser um caso encerrado", não havendo razão para que volte à discussão. Já as medidas “altamente discriminatórias” como a Contribuição Extraordinária sobre o Sector Energético [CESE] são outra história. Aqui, segundo o presidente da EDP, o poder político deve actuar, eliminando a contribuição: "Porque é que o sector energético paga uma taxa que os outros não pagam?".

"As medidas extraordinárias têm de sair”, frisou Mexia, quando questionado sobre o que espera do próximo executivo em termos de política energética. A EDP teve um encargo de cerca de 69 milhões de euros com o pagamento da CESE relativa a 2014. O Governo estendeu esta taxa até 2018, embora antecipando reduções para metade aos montantes cobrados às empresas a partir de 2016.

“Isto tem a ver não só com o sector da energia, mas também com a credibilidade de Portugal na atracção de investimento estrangeiro”, diz o presidente da EDP, que é detida em 21,35% pela China Tree Gorges (CTG), em 15,10% pelo fundo norte-americano Capital Group Companies e em 7,19% pela Oppidum, liderada pelo grupo asturiano Masaveu. “Esta é uma questão absolutamente decisiva. Portugal precisa de capital, portanto convém não mudar as regras do jogo a meio”, disse Mexia.

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