Rapariga desaparecida

Tiques e efeitos traduzem-se num vazio de interesse.

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Longe vão os tempos em que Atom Egoyan era tratado como grande “esperança”. A acumulação de filmes indistintos tem aqui, neste Prisioneira, um ponto baixo, a roçar a auto-caricatura mais do que a auto-citação.

São outra vez crianças em perigo (uma miúda desaparecida), pais angustiados e/ou culpados, as paisagens nevadas a exprimirem “frieza” e “desolação”. Mas tudo se passa de forma tão maquinal — ver por exemplo os avanços e recuos temporais com que Egoyan organiza a sua narrativa — que mata, muito rapidamente, qualquer interesse que pudesse existir, seja no acompanhar da história seja na presença daquelas personagens. Tiques e efeitos de assinatura — “Para quê fazer simples se se pode fazer complicado”, velho conselho de Jean-Luc Godard que Egoyan parece seguir no pior sentido — a criar apenas um vazio, bem longe daquele estilo “metálico” que Fincher razoavelmente conseguiu com o seu Gone Girl.

 

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