Poroshenko estabelece prazo de cinco anos para adesão da Ucrânia à UE

Líderes europeus rejeitam envio de força militar para o Leste da Ucrânia, apesar das manobras dos rebeldes separatistas pró-russos.

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Presidente da Ucrânia, petro Poroshenko (ao centro) recebeu líderes europeus em Kiev. AFP/GENYA SAVILOV

Cinco anos é o prazo que o Governo da Ucrânia necessita até estar em condições de cumprir todos os requerimentos para a adesão à União Europeia, estimou esta segunda-feira o Presidente Petro Poroshenko, na abertura de uma cimeira com os líderes europeus que foi cuidadosamente coreografada para assinalar a crescente aproximação e o alinhamento de Kiev com Bruxelas.

A integração formal da Ucrânia no bloco dos 28 é o “principal objectivo” do país, confessou Poroshenko no seu discurso inaugural. No entanto, o Presidente não avançou com um pedido formal para que o caso fosse considerado: em vez disso, pediu aos aliados europeus que apoiassem os esforços do seu Governo no combate à crise e corrupção, e também à ameaça representada pela rebelião separatista pró-russa que domina parte do território do Leste do país.

A chegada dos presidentes da Comissão europeia e do Conselho Europeu, Jean-Claude Juncker e Donald Tusk, a Kiev, coincidiu com uma nova ofensiva das forças rebeldes pró-russas no Leste do país, denunciou a missão da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), responsável pela verificação do acordo de paz subscrito em Fevereiro por ambas as partes em conflito, numa negociação intermediada pela França e a Alemanha.

Segundo os monitores internacionais, as forças separatistas retomaram no domingo os seus bombardeamentos. Os observadores confirmaram que em vez de retirarem os seus meios pesados da área do cessar-fogo, conforme acordado, os rebeldes movimentaram colunas compostas por tanques e meios de artilharia e dispararam mais de 60 rondas nas imediações da cidade portuária de Mariupol.

O presidente do Conselho Europeu disse que os últimos desenvolvimentos no terreno justificavam o envio de uma missão de segurança europeia “para avaliar as necessidades” do Exército nacional. Mas “estamos a falar de uma missão civil e não militar”, frisou Tusk. Diplomatas europeus citados sob anonimato pelo The Wall Street Journal garantiam que o envio de uma força internacional de manutenção de paz para o Leste da Ucrânia, tal como reclamada por Kiev, era uma hipótese que não estava em cima da mesa.

As movimentações no Leste da Ucrânia acabaram por “distrair” os líderes ucranianos e europeus da discussão das reformas políticas e económicas acordadas pelo Governo de Kiev – e que incluem o seu compromisso de descentralização do poder para as regiões (incluindo aquelas que lutam pela secessão), a liberalização de importantes sectores da economia, como por exemplo o energético, e o combate à corrupção.

E tal como “não existe apetite” para uma missão militar, segundo resumiu um diplomata europeu, também não pode haver consenso quanto ao desembolso das futuras tranches do programa de assistência financeira (de mais de três mil milhões de euros) da União Europeia sem a aprovação das medidas negociadas com o Governo ucraniano para a correcção dos desequilíbrios orçamentais e da inflação.

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