Maioria e PS não apresentam propostas de alteração ao relatório do BES

PSD, CDS e socialistas dizem que as suas sugestões já foram incorporadas no documento pelo deputado relator do processo.

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Os grupos parlamentares de PSD, PS e CDS-PP não vão apresentar propostas formais de alteração ao relatório final da comissão de inquérito BES/GES porque, dizem fontes das bancadas, as suas sugestões foram já incorporadas pelo deputado relator.

"O grupo parlamentar do PSD reuniu com o relator e vai prescindir da apresentação de alterações já que as suas sugestões serão integradas no corpo do relatório", indicou fonte parlamentar social-democrata à agência Lusa.

O PS, declarou à Lusa o deputado coordenador na comissão de inquérito, Pedro Nuno Santos, "já tinha elogiado" o relatório preliminar do deputado relator Pedro Saraiva (PSD) e enalteceu a abertura para integrar as sugestões dos socialistas. "Não temos nenhuma vontade de reivindicar o que foi alterado ou não pelo PS. Houve abertura para isso [integrar propostas de alteração] e ficamos satisfeitos", vincou o deputado.

O CDS-PP também não apresentará propostas autonomamente, indicou fonte centrista, ao contrário do Bloco de Esquerda (BE) e Partido Comunista Português (PCP), que entre quinta e sexta-feira apresentaram em conferência de imprensa no parlamento as várias alterações e adendas que pretendem ver espelhadas no texto.

O PCP pretende que o relatório final da comissão de inquérito esteja menos centrado no "carácter" e nos actos de Ricardo Salgado e se foque mais na globalidade do sistema financeiro. "É imprescindível que fique bem claro que este não foi um problema de um carácter de um banqueiro, um problema isolado, que as falhas não foram apenas por incapacidade conjuntural do supervisor, Governo ou regulador, mas sim incapacidades que consideramos sistémicas", vincou Miguel Tiago, parlamentar comunista coordenador da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES).

Já o Bloco de Esquerda defende um texto final "mais duro" para com o Banco de Portugal (BdP), auditores e o Governo.c"Mantemos a nossa grande conclusão: a responsabilidade [do colapso] é da administração do BES e do GES é de Ricardo Salgado", afirmou na quinta-feira a deputada Mariana Mortágua, acrescentando todavia que o texto final do trabalho dos deputados deve "ser mais duro nas críticas a auditores, supervisores e também à actuação do Governo".

"Endurecemos as críticas ao BdP e achamos que o devemos fazer: não comunicou atempadamente à CMVM e ao mercado o que sabia desde Novembro [de 2013] das contas da Espírito Santo International [ESI]", advogou a deputada do BE.

A versão final do relatório terá de estar fechada na próxima quarta-feira.

A comissão foi proposta pelo PCP - e aprovada por unanimidade dos partidos - e teve a primeira audição a 17 de Novembro do ano passado, tendo sido escutadas dezenas de personalidades, entre membros da família Espírito Santo, gestores das empresas do grupo, reguladores, supervisores, auditores e agentes políticos, entre outros.

O objectivo do trabalho dos parlamentares é "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".

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