Trabalhadores dos hiper e supermercados fazem greve a 1 de Maio

Sindicato fala em “frustração” e “mal-estar” no local de trabalho e contesta propostas das empresas para oscilações diárias de horários. APED apela ao regresso à mesa das negociações.

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A última greve dos trabalhadores dos supermercados realizou-se em 2011 Enric Vives Rubio

Os trabalhadores dos hiper e supermercados decidiram avançar com uma greve no dia 1 de Maio em protesto contra as condições de trabalho, horários e propostas de aumentos salariais feitas pelas empresas do sector. A decisão foi tomada depois de um encontro de dirigentes sindicais que pertencem à Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio Escritórios e Serviços (FEPCES).

Há cinco anos que sindicatos e empresas não se sentavam à mesa em reuniões de conciliação no Ministério do Emprego. As negociações retomaram este ano, disse ao PÚBLICO Manuel Guerreiro, presidente da FEPCES. O dirigente conta que há um “enorme sentimento de frustração”, “mal-estar” e descontentamento nos locais de trabalho. “Não tenho memória de ver uma situação destas. Tem a ver com as exigências que diariamente se faz nas empresas, que descartaram muitos trabalhadores e exigem aos que ficam que trabalhem em qualquer dia e em qualquer hora”, sublinha.

Os sindicatos contestam também a proposta de aumentos salariais avançada pela Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED). “Não chega a 1% sobre os salários de 2009. E esse é o verdadeiro problema. Durante cinco anos não quiseram negociar e agora estão a fazê-lo sobre os salários de 2009”, lamenta Manuel Guerreiro, acrescentando que não foi feita uma proposta formal. Em contrapartida, as empresas querem introduzir no contrato “oscilações diárias de horário de trabalho”, ou seja, a possibilidade de o trabalhador ter, a cada dia, um horário diferente. “Parece que querem acabar com os trabalhadores que têm filho”, lamenta Manuel Guerreiro.

Outra das propostas é a redução da remuneração extra paga pelos feriados ou fins-de-semana. “Isto significa que iriam perder no mínimo 2% no máximo 4%, definitivamente, até ao fim da sua carreia. Tudo isto à conta de menos de 1% de aumento salarial”, critica o dirigente sindical.

Contactada pelo PÚBLICO, a APED defende que se devem manter as negociações sobre a contratação colectiva. “Lamentamos que os sindicatos não se mostrem disponíveis para negociar em nome dos colaboradores do sector do retalho e apelamos para que negoceiem o contrato colectivo ao serviço de todos”, reagiu a directora-geral da APED, Ana Isabel Trigo Morais.

A última greve dos trabalhadores dos hiper e supermercados foi realizada no dia 1 de Maio do ano passado, na altura, em protesto contra a abertura das lojas no Dia do Trabalhador. Até 2011 apenas alguns supermercados mantinham as portas abertas. Foi nesse ano que os dois principais operadores de grande distribuição (Continente e Pingo Doce) passaram a funcionar no feriado.

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