Vodafone em conversações com a Altice para comprar Cabovisão

Altice espera concluir compra da PT Portugal até ao Verão, mesmo que não tenha fechado negócio de venda da Oni e da Cabovisão.

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REUTERS/Ina Fassbender

A Oni e a Cabovisão estão à venda e já há quem se perfile como interessado nestas duas empresas de que a Altice terá de se desfazer para poder comprar a PT Portugal. Além de conversas com a Vodafone, a Altice, liderada por Patrick Drahi, também já recebeu manifestações de interesse de outros operadores e de um private equity, soube o PÚBLICO junto de fonte conhecedora do dossiê. O porta-voz da empresa não quis comentar o tema.

A Comissão Europeia deu luz verde à Altice para comprar a PT Portugal na segunda-feira, desde que esta ponha no mercado a operadora de cabo Cabovisão e a empresa de comunicações empresariais Oni, pelas quais terá investido (em 2012 e 2013) um valor global próximo de 120 milhões de euros. Mas a compra da PT Portugal não vai ficar à espera do desfecho destes negócios, entende o grupo empresarial, que tem entre os principais accionistas o português Armando Pereira.

A Altice tem adiantado que quer ter a operação concluída até Junho, o que não implica que nesta data a Oni e a Cabovisão já tenham passado para um novo dono. Até porque esta futura operação de concentração terá novamente de ser analisada à luz das regras da concorrência, o que poderá fazer alongar o processo além do Verão.

A PT Portugal é neste momento liderada por Armando Almeida, um gestor escolhido pela Oi. A Altice ainda não adiantou quem será a nova equipa de gestão da empresa, mas o presidente executivo, Dexter Goei, tem afirmado que a nova comissão executiva da PT terá gestores nacionais, muito operacionais, e conhecedores da empresa e do sector.

Nos planos de Drahi para Portugal está ainda uma parceria com a Fundação Champalimaud para a área da investigação, revelou ao PÚBLICO fonte próxima do processo. Os contactos com a fundação criada pela família Champalimaud (que em 2013 vendeu à Altice uma posição de 35% no capital da Oni) para a investigação biomédica ainda estão numa fase inicial e o modelo de parceria está por definir, disse a mesma fonte. O empresário (que tem ascendência israelita) já é patrono, através da Fundação Drahi, de um hospital de Jerusalém que desenvolve actividade na área da investigação cerebral.

A PT Portugal não é o único grande dossiê que Patrick Drahi espera fechar antes do Verão. O empresário quer ver concluída em breve a criação do seu novo grupo empresarial: o Altice Media Group. Daqui poderão surgir novos investimentos no mercado português, admitiu o futuro presidente executivo do grupo, Marc Laufer, num encontro com jornalistas, em Paris. “Estamos interessados em desenvolver o negócio dos media em França e nos países onde a Altice já está, mas não só. Portugal é um deles, mas não está nada iminente”, disse Laufer, que é sócio de Drahi na área da comunicação social.

O futuro dono da PT Portugal já tem uma posição de 50% no jornal diário Libération e espera para breve a conclusão do negócio de compra do grupo L’Express (que inclui o semanário e 15 revistas de temas tão variados como decoração, cinema, música ou lifestyle) aos belgas da Roularta. Uma vez concluído este negócio, o passo seguinte será a aquisição de 100% do capital do Libération ao empresário francês do ramo imobiliário Bruno Ledoux, soube o PÚBLICO de fonte próxima do negócio. O novo grupo, que inclui ainda o canal de televisão i24 News (que emite a partir de Telavive) terá um volume de negócios consolidado em torno dos 250 a 300 milhões de euros por ano. A jornalista viajou a convite da Altice

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