Grande explosão na capital do Iémen faz dezenas de mortos

Bombardeamento aéreo matou pelo menos 46 pessoas e feriu mais de uma centena. Hospitais não têm condições nem material médico para dar resposta a um dos dias mais sangrentos do conflito no Iémen.

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Explosão é a imagem de um dos dias mais sangrentos do conflito no Iémen Khaled Abdullah/Reuters

Um ataque aéreo da coligação liderada pela Arábia Saudita provocou uma grande explosão em Sanaa, a capital do Iémen controlada pelos rebeldes huthis, que ameaça fazer desta segunda-feira um dos mais sangrentos dias desde o início do conflito no país. Ao final da tarde, e à medida que o número de mortos aumentava, contavam-se 46 vítimas mortais e pelo menos 150 feridos.

O jornal iemenita em língua inglesa Yemen Post avançou que existiam dezenas de feridos graves, o que representa uma preocupação acrescida, já que Sanaa, tal como o resto do país, atravessa uma grave crise de recursos alimentares e de material médico. Horas depois do ataque, o Yemen Post assegurava que os hospitais não tinham os recursos para lidarem com a onda de feridos em Sanaa.

Pelo menos 2400 casas ficaram danificadas com a onda de choque da explosão, que terá alcançado os dez quilómetros quadrados. Um dos edifícios atingidos é o do canal de televisão fiel ao Presidente iemenita deposto, Ali Abdullah Saleh. Os rebeldes xiitas huthis terão construído uma aliança com os combatentes leais a Saleh.

De acordo com a Al-Jazira, o bombardeamento desta segunda-feira tinha como alvo o depósito de armas Faj Attan, o maior armazém de armamento na capital do país, mas não é certo que o tenha atingido.

Os primeiros relatos sugeriam que a dimensão da explosão se devia ao facto de o raide aéreo ter atingido o armazém de Faj Attan. Porém, a meio da tarde, o Yemen Post assegurava que o bombardeamento falhara o alvo.  

“Enviámos repórteres para o local que confirmaram que o ataque aéreo não acertou no armazém”, disse Hakim al-Masmari, o editor-executivo do jornal à Al-Jazira.

A Arábia Saudita teme que os combatentes huthis tenham armazenados em Faj Attan mísseis Scud. Caso estes sejam lançados junto à sua fronteira com o Iémen, há a possibilidade de atingirem o seu território.

Raides aumentam vítimas
O gabinete para os assuntos humanitários das Nações Unidas actualizou na sexta-feira o número de vítimas no Iémen desde que tiveram início os raides aéreos da coligação liderada pela Arábia Saudita. Até ao dia 13 de Abril, os números enviados pelos hospitais apontavam para 767 mortos e 2750 feridos. Os números reais serão muito maiores.

O ataque desta segunda-feira reavivou as tensões em jogo no conflito do Iémen. A embaixada iraniana foi ligeiramente atingida pela grande explosão desta segunda-feira – segundo o que avança a Associated Press, houve janelas partidas mas não se registaram feridos.

Mas, em resposta, o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, convocou o enviado do rei saudita em Teerão para lhe apontar uma queixa formal pelo bombardeamento e reiterar que a Arábia Saudita será responsável pela sua representação diplomática em Sanaa.

O conflito no Iémen é uma teia de interesses que tem nos sauditas e iranianos o seu ponto central. Os rebeldes huthis xiitas são apoiados pelo Irão e controlam grande parte do Iémen. Um dos últimos locais disputados está a sul do país, na importante cidade portuária de Áden, que foi também de onde fugiu o Presidente Abd Mansour Hadi, entretanto exilado na capital saudita.

Os bombardeamentos da coligação de dez países islâmicos, que insiste que Hadi é o único presidente legítimo, atingem actualmente 18 das 22 províncias do país.

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