OCDE revê em alta evolução da economia portuguesa

Organização aponta agora para um crescimento de 2%, contra os anteriores 1,5%.

Foto
Para 2015, a previsão é de um crescimento entre 1,3% e 1,5% REUTERS/Francois Lenoir

O secretário-geral da OCDE afirmou nesta quarta-feira que a economia portuguesa poderá crescer entre 1,3% e 1,5% em 2015, podendo chegar aos 2% em 2016, beneficiando da desvalorização do petróleo e do euro.

"O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) atingiu os 0,9% em 2014, e esperamos que atinja, no mínimo, entre 1,3% e 1,5% em 2015 e que continue nessa progressão mais perto dos 2% em 2016", disse Ángel Gurría durante a apresentação pública do relatório de diagnóstico 'Uma estratégia de competências para Portugal', que decorre em Lisboa.

Na sua intervenção, o responsável referiu que a previsão da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) para o crescimento da economia "era um pouco mais baixa", mas perante "as condições" actuais, reviu em alta a evolução do PIB português.

"Tínhamos uma projecção que era uma pouco mais baixa, mas com as condições que temos agora, com o preço do petróleo mais baixo, com os juros mais baixos, previsivelmente, no curto e no médio prazo, e com a competitividade do euro", a organização reviu as suas previsões, disse Gurría.

De acordo com o secretário-geral da OCDE, a conjugação de todos estes factores cria "as possibilidades de desenvolvimento e de crescimento mais dinâmico para os próximos anos".

No Economic Outlook, publicado a 25 de Novembro, a OCDE antecipava um crescimento da economia portuguesa de 0,8% em 2014, abaixo da previsão de 1% do Governo, e um défice orçamental de 4,9%, acima dos 4,8% previstos pelo executivo já segundo o novo Sistema Europeu de Contas.

Para 2015, a OCDE previa um crescimento de 1,3% e um défice orçamental de 2,9%, sendo que em ambos os casos as previsões eram mais pessimistas do que as do executivo em duas décimas.

Para 2016, e de acordo com o Economic Outlook, a previsão da OCDE era a de que a economia portuguesa acelerasse e que o PIB atingisse um crescimento de 1,5% ao mesmo tempo que o défice orçamental se reduziria para 2,3% do PIB.

Combate ao desemprego é o maior desafio
O secretário-geral da OCDE afirmou que a criação de emprego é o maior desafio de Portugal para combater os níveis insustentáveis de desemprego jovem e defendeu a criação de medidas específicas de combate ao desemprego de longa duração.


"Portugal tem a quarta taxa mais elevada de desemprego jovem entre os países da OCDE e um grande número de jovens não está nem a trabalhar nem integrado no sistema educativo e formativo", disse Ángel Gurría.

Na sua intervenção, o responsável da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) considerou que "este facto tem efeitos muito negativos nos indivíduos em causa, assim como na sociedade no seu todo".

Referiu, a propósito, que "a criação de emprego constitui o maior desafio da sociedade portuguesa para combater os níveis insustentavelmente elevados de desemprego jovem que se verificam" e defendeu a necessidade de assegurar que os programas de apoio aos jovens são bem concebidos e coerentes, a par de um sistema de informação e de orientação profissional bem estruturado".

Um outro desafio que Portugal enfrenta, segundo Ángel Gurría, prende-se com o aumento da reintegração no mercado de trabalho dos desempregados de longa duração.

"Portugal tem uma elevada percentagem de desempregados de longa duração, isto é, pessoas que se encontram fora do mercado de trabalho há mais de um ano. O nível de desemprego de longa duração em Portugal já era elevado mesmo antes da crise financeira, o que indicia a existência de problemas estruturais mais profundos no mercado de trabalho anteriores à crise", salientou o responsável.

Neste âmbito, o secretário-geral daa OCDE assinalou a necessidade de implementar medidas específicas orientadas para acções de reconversão profissional e ajuda na procura de emprego, "essenciais para garantir que os desempregados de longa duração não ficam completamente desligados do mercado de trabalho".

Ainda em matéria laboral, o relatório da OCDE hoje apresentado evidencia a necessidade de Portugal reduzir os obstáculos à procura de emprego e à contratação, numa alusão às prestações de desemprego que, "para alguns grupos de pessoas podem funcionar como desincentivo à procura de emprego".

Gurría lembrou ainda que as empresas que pretendem contratar em Portugal estão sujeitas a uma carga fiscal acima da média da OCDE, "o que pode ter um efeito negativo na capacidade das empresas em contratar trabalhadores".
Além disso, o responsável frisou que em Portugal uma grande percentagem de trabalhadores (especialmente os jovens) é admitida através de contratos temporários, estando assim mais sujeitos "a uma maior insegurança no emprego e a empregos de menor qualidade".

  

 

Sugerir correcção
Ler 3 comentários