CP acusa tribunal arbitral de irresponsabilidade e “desprezo” pelos passageiros

Transportadora critica o facto de não terem sido decretados serviços mínimos para os cinco dias de greve no período da Páscoa.

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A CP emitiu nesta terça-feira um comunicado em que acusa o tribunal arbitral do Conselho Económico e Social de ter “desprezo pelo direito de milhares de portugueses” que vão ficar sem comboios devido à greve de cinco dias convocada pelo sindicato que representa os revisores e os trabalhadores das bilheteiras.

Num comunicado enviado às redacções, a transportadora pública critica o facto de não terem sido definidos serviços mínimos para esta paralisação. “A decisão do tribunal arbitral é leviana”, frisa a CP, acrescentando que a decisão “assenta em pressupostos errados, uma vez que é tradicional a indisponibilidade de meios alternativos de transporte nesta quadra da Páscoa em que a reunião das famílias é um hábito generalizado”.

A empresa diz ainda que “a inexistência de serviços mínimos é ainda particularmente grave porque não tem paralelo, na prática, com circunstâncias semelhantes noutros países da União Europeia e é irresponsável por colocar em causa o carácter de serviço público do transporte ferroviário em Portugal”. 

E garante que “tudo fará para reduzir os efeitos desta greve em todas as situações que estejam ao seu alcance, nomeadamente no transporte de passageiros de longo curso, embora essa capacidade se encontre seriamente limitada pela inexistência de serviços mínimos”.

Recorde-se que, no acórdão conhecido na segunda-feira, o tribunal arbitral justifica a decisão de não decretar serviços mínimos (como tem sido hábito para, pelo menos, 25% dos comboios) com o facto de esta greve não preencher “os pressupostos indispensáveis para a imposição de serviços mínimos de tipo ‘percentual”. Isto apesar de admitir que a paralisação irá acarretar uma “inegável penosidade” aos passageiros.

Os protestos foram convocados pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante para os dias 2, 3, 4, 5 e 6 de Abril, para reclamar o cumprimento da decisão dos tribunais relativo ao pagamento dos complementos nos subsídios desde 1996.

O sindicato enviou nesta terça-feira um comunicado em que afirma que decidiu partir para este protesto “em consequência da falta de vontade do presidente da CP e da sua equipa negocial em construir um acordo que possibilidade o pagamento da dívida aos trabalhadores do comercial”.

Já para a empresa a convocação desta greve surge “em contradição com o clima de paz laboral e diálogo sobre todas as questões que estão ao alcance de resolução entre a empresa e os sindicatos, que tem vigorado quase sem excepção nos últimos dois anos”.

Num aviso emitido no seu site, a CP alerta que vai haver “fortes perturbações” na circulação de comboios nos dias da paralisação e que os efeitos negativos vão começar a fazer-se sentir ainda na véspera, dia 1 de Abril, e no dia seguinte ao término dos protestos, 7 de Abril.

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