Tsipras promete "compromisso honesto" para o pagamento da dívida grega

Primeiro-ministro da Grécia foi ao Parlamento explicar a estratégia do seu Governo nas negociações com os credores internacionais.

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Primeiro-ministro grego foi ao Parlamento explicar negociações com o Grupo de Bruxelas AFP/ARIS MESSINIS

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, dirigiu-se esta noite ao parlamento de Atenas para explicar que a estratégia que está a ser seguida pelo seu Governo nas negociações com os credores internacionais do país busca um “compromisso honesto” para solucionar o problema da dívida e não uma “rendição incondicional”.

Numa intervenção a seu pedido perante os deputados do país, para apresentar o rascunho das reformas acordadas entre o Governo da Grécia e as instituições internacionais, Tsipras negou que o prolongamento das ajudas financeiras por mais quatro meses – mediante contrapartidas – tenha correspondido a uma capitulação

“Sempre dissemos que buscávamos um compromisso honesto com os nossos parceiros. E não acreditem quando dizem que assinamos uma rendição incondicional. Nunca o faremos, e é por isso que somos atacados sem piedade. Mas também é por isso que a sociedade nos apoia”, declarou o primeiro-ministro – que desafiou os partidos de oposição a apoiarem as iniciativas lançadas para “pôr fim à austeridade” na Grécia.

Tsipras concedeu que a renegociação da dívida pública grega, que corresponde a 177% do Produto Interno Bruto, se tornou inevitável, uma vez que sem ela ficaria impossibilitado o “reembolso” dos montantes necessários para fazer face aos compromissos financeiros do país. A discussão com os credores – o agora chamado Grupo de Bruxelas – será retomada “em tempo útil, para que em Junho possamos estabelecer um novo contrato de desenvolvimento”, informou.

Segundo Alexis Tsipras, as medidas que se comprometeu a encetar são “reformas realistas”, destinadas a tornar a Grécia um “país mais moderno”. O primeiro-ministro referia-se às medidas aprovadas no domingo em Conselho de Ministros, e que incluem por exemplo o combate à fuga fiscal, ao contrabando de tabaco e gasolina e à evasão de capitais para contas bancárias no estrangeiro.

Fontes governamentais citadas pelas agências diziam que as medidas adoptadas terão um impacto fiscal positivo, com o Governo a antecipar a obtenção de novas receitas no valor de 3 mil milhões de euros e a projectar um superávit orçamental primário de 1,5% em 2015 e uma taxa de crescimento da economia de 1,4%. As estimativas não incluem o pacote de ajuda de dois mil milhões de euros que foi avançado pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

Numa entrevista publicada no domingo, Tsipras repetiu que o seu Governo não concordaria com nenhuma medida de “carácter recessivo”, como despedimentos ou cortes nas pensões. “Essa é uma linha vermelha que não vamos ultrapassar”, prometeu ao jornal Real News.

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