Velhos só os trapos

Um mau filme pode ser francamente simpático – os actores ajudam muito.

Foto

Sem reservas, Elsa & Fred é um mau filme - filmado de modo indiferente, montado às três pancadas, feito com um amadorismo algo desastrado que não esperaríamos de Michael Radford, o veterano britânico cuja coroa de glória continua a ser O Carteiro de Pablo Neruda (1994).

Esta remake de uma comédia argentina sobre o romance inesperado entre dois idosos vizinhos num prédio de Nova Orleães desperdiça um elenco de luxo cheio de velhas glórias de Hollywood numa história cheia de buracos, cujo final se adivinha logo nas primeiras imagens. E, contudo, mesmo sendo mau, Elsa & Fred não deixa de ser francamente simpático – porque tem actores que sabem o que estão a fazer e um realizador que sabe como os deixar à vontade para o fazerem, e porque tem o bom senso de não tratar as suas duas personagens principais como idiotas (mesmo que o faça com as outras todas). O guião nem sequer pede a Shirley MacLaine e Christopher Plummer que se esforcem muito, apenas que tragam a sua experiência e a sua imagem pública (ela a estouvada sensível, ele o resmungão mal-disposto) e a usem com parcimónia e profissionalismo; e há qualquer coisa de sincero na nostalgia com que Elsa & Fred revê o passado, fazendo-o de modo certamente desastrado mas sem cair no serôdio.

 

Sugerir correcção
Comentar