Um avião "pulverizado", 150 mortos e três países de luto

O avião da operadora alemã low cost Germanwings ficou reduzido a pequenos destroços. Entre os mortos estão 16 estudantes alemães do ensino secundário e dois bebés.

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Não sobreviveu nenhuma das 150 pessoas a bordo do Airbus da companhia aérea alemã Germanwings, que se despenhou na manhã desta terça-feira no sopé dos Alpes franceses, perto da localidade de Prads-Haute-Bléone, uma hora depois de ter levantado voo de Barcelona em direcção a Düsseldorf. Os dados lançados ao longo do dia apontam para que entre os mortos estejam 67 alemães e 45 espanhóis. Acredita-se que a maioria dos restantes passageiros seja de origem turca, embora não fosse ainda possível confirmá-lo ao final da tarde. Entre as vítimas contam-se dois bebés e 16 estudantes alemães do ensino secundário, que regressavam de uma viagem de intercâmbio escolar.

A confirmação oficial de que não existiam sobreviventes surgiu ao início da tarde por Manuel Valls, o primeiro-ministro francês. Aos jornalistas, Valls disse que o primeiro helicóptero de resgate a chegar ao local não encontrara ninguém com vida. “Está tudo pulverizado”, disse à Associated Press Gilbert Sauvan, governador da região dos Alpes da Alta Provença, onde se insere a localidade de Prads-Haute-Bléone. Não foram ainda avançadas as causas oficiais do acidente.

O cenário de devastação total tornou-se evidente com a chegada das primeiras imagens dos destroços. Do Airbus que transportava 150 pessoas restaram apenas pequenos vestígios, espalhados por uma área que se aproxima dos dois quilómetros quadrados, nenhum maior do que “um pequeno carro”, nas palavras de Gilbert Sauvan. “Vimos um avião literalmente rasgado; os corpos estão num estado de destruição e não existe nenhuma peça intacta das asas ou da fuselagem”, disse à Reuters o procurador da cidade de Marselha, Bruce Robin.

Não existe acesso por terra ao local onde embateu o avião da Germanwings, a empresa de viagens low cost detida por completo pela operadora aérea alemã Lufthansa. “Vai demorar dias até que se recuperem as vítimas e depois os destroços”, disse à Reuters Jean-Paul Bloy, um alto-responsável da polícia francesa. Foram enviados para o local dez helicópteros e um avião da Força Aérea francesa, mas esperava-se que as operações fossem dificultadas com a chegada da noite e com a deterioração das condições meteorológicas ao longo do dia.

A AFP descreveu um cenário desolador no aeroporto de El Prat, em Barcelona, de onde partiu o voo da Germanwings. A agência de notícias francesa assistiu à chegada do que se presumem ser familiares e amigos das vítimas pouco tempo depois de surgirem as primeiras notícias do desastre. “Uma mulher de idade, acompanhada pelo seu companheiro e por uma mulher que parecia ser sua filha, não foi capaz de reprimir um longo grito de dor”, escrevia ao início da tarde a agência de notícias francesa.

Líderes em luto
A tragédia uniu os líderes de Espanha, França e Alemanha em declarações de pesar. O primeiro a reagir foi François Hollande, ao final da manhã. O desastre aéreo desta terça-feira foi o pior a acontecer no país desde que, em 1981, morreram 180 pessoas numa colisão nas montanhas da Córsega. “É uma tragédia, uma nova tragédia da aviação”, disse o Presidente francês em comunicado. O último grande acidente de um voo comercial em França deu-se em 2000, quando um Concorde se despenhou nos arredores de Paris poucos minutos depois de ter descolado do aeroporto Charles de Gaulle.

Horas mais tarde, Hollande surgia ao lado dos reis de Espanha, Felipe VI e Letícia, que estavam em visita oficial à França e que haviam aterrado em Paris apenas minutos depois de se ter dado o acidente. Em sinal de luto, Felipe VI interrompeu a visita oficial e regressou de imediato a Espanha.

O Presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, lamentaram também o acidente. Os dois, acompanhados de Hollande, visitarão esta quarta-feira o local onde se despenhou o Airbus. Angela Merkel disse estar “profundamente chocada” com o acidente. Já Rajoy classificou o sucedido como uma “tragédia”.

Condolências secundadas pela Germanwings e sua empresa-mãe, Lufthansa. Esta última prometeu averiguar se será possível transportar os familiares das vítimas para o local do desastre. “Se for possível fazê-lo, será feito”, afirmou a porta-voz da Lufthansa, citada pelo jornal inglês Guardian. Já o porta-voz da Germanwings afirmou que a empresa tem as vítimas nos “seus pensamentos” e disse que a empresa irá “colaborar com as autoridades de maneira a investigar e resolver a causa do acidente o mais rapidamente possível”.

Durante o dia do acidente, houve sete voos da Germanwings a partir de Düsseldorf que não saíram de terra. “Tivemos de cancelar sete voos por dificuldades com a tripulação. Disseram-nos que não se sentiam em condições de voar”, indicou um porta-voz da companhia. 

A queda do Airbus da Germanwings acontece apenas oito meses depois do último grande desastre da aviação europeia, quando, a 17 de Julho, o voo MH17 de Malaysia Airlines foi abatido na Ucrânia. O desastre matou as 298 pessoas que se encontravam a bordo do avião, a maioria (193) eram cidadãos holandeses. 

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