Juncker nega haver tensões entre Bruxelas e a sua "amiga" Merkel

Chanceler alemã visita Comissão Europeia num contexto de desconfiança de Berlim em relação à equipa de Juncker

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Juncker, criticou a "teimosia de alguns jornalistas sobre a ideia que existem tensões entre nós" Yves Herman/Reuters

A chanceler alemã, Angela Merkel, visitou nesta quarta-feira a Comissão Europeia, encontrando-se com o Presidente Jean-Claude Juncker ao inicio da tarde. Na agenda: a implementação do plano de investimento da UE, a situação na Ucrânia, o acordo de comércio transatlântico e a agenda digital. Foi a primeira visita oficial da chanceler alemã à Comissão Europeia desde que Juncker assumiu a presidência.

Na conferência de imprensa que se seguiu, Juncker quis sobretudo sublinhar que a sua relação com Merkel é boa. Nas últimas semanas tem havido sinais de que o governo alemão não aprecia as posições mais suaves da Comissão Europeia no que toca aos equilíbrios orçamentais, e particularmente as mais recentes tomadas de posição de Juncker, bastante críticas sobre os programas de ajustamento nos países intervencionados.

A ausência de sanções contra a França, a quem foi dado até 2017 para baixar o seu défice abaixo do limite de três por cento, também fez soar os alarmes entre os conservadores alemães. Herbert Reul, líder de bancada da CDU/CSU, no Parlamento Europeu não mediu palavras para criticar a decisão: "Estou zangado com a reacção morna da Comissão Europeia", declarou o eurodeputado ao jornal conservador alemão Die Welt.

Ao escrever sobre o encontro de Bruxelas, o Die Welt não hesitou em abrir com o título: "A chanceler e o sabe-tudo não desejado", e compara a relação entre Juncker e Merkel à de um "velho casal", com "altos e baixos ao longo dos anos".

"É um prazer trabalhar com a minha amiga Angela Merkel", disse todavia Juncker, criticando a "teimosia de alguns jornalistas sobre a ideia que existem tensões entre nós."

Por seu lado, Angela Merkel também afirmou que a sua relação com Juncker é boa, e que existe em Berlim "um grande respeito pela velocidade com que a Comissão Juncker se pôs ao trabalho".

"Prematuro" discutir terceiro resgate grego
Nem Juncker, nem Merkel quiseram comentar a perspectiva de um novo programa de assistência financeira para a Grécia. Isto apesar do ministro das Finanças espanhol, Luis de Guindos, ter dito numa conferência em Pamplona na segunda-feira que o terceiro resgate já estrava a ser negociado. "É prematuro começar a falar de um terceiro programa" segundo Juncker.

"Estamos a fazer todos o possíveis para garantir que o segundo programa seja um sucesso. O parlamento alemão já votou a favor. Agora precisamos de implementar o que foi decidido no Eurogrupo", disse por sua vez Merkel, sublinhando que "a troika vai avaliar" a implementação do acordo. "Penso que temos muito trabalho para garantir que este acordo funcione, e é nisso que nos estamos a concentrar."

Na próxima segunda-feira há mais uma reunião dos ministros das Finanças da zona euro, e a porta-voz de Jeroen Dijsselbloem, o Presidente do Eurogrupo, disse à Reuters que um terceiro resgate não estava na agenda. No entanto, dadas as declarações de Luis de Guindos, é quase certo que os ministros quererão no mínimo ter mais informação da parte de Atenas sobre a situação das finanças gregas.

Merkel não exclui mais sanções contra a Rússia
Em relação à Ucrânia,  Angela Merkel confirmou que e a perspectiva de novas sanções da UE contra a Rússia é real. "Se Minsk não resultar, os Estados Membros e a Comissão Europeia estão prontos a avançar para mais sanções", declarou a chanceler.

Noutro sinal de que não está para já uma normalização das relações com Moscovo, Jean-Claude Juncker anunciou que não vê condições para organizar este ano uma cimeira UE-Rússia. Em Março do ano passado, os chefes de Estado e de Governo europeus já tinham cancelado uma cimeira com a Rússia, em resposta à anexação da Crimeia.


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