Um banco para concorrer com a Caixa Geral de Depósitos

Um eventual casamento do BCP com o BPI criaria a maior instituição financeira a operar em Portugal, capaz de ombrear com a Caixa Geral de Depósitos, cujo capital está inteiramente na posse do Estado.

Medida a dimensão do novo banco pelo valor dos activos, eles deveriam aproximar-se dos 120 mil milhões de euros, acima dos cerca de 100 milhões que a CGD tem contabilizados nos seus livros. Em termos de quota de mercado, a instituição financeira que Isabel dos Santos quer ver criada deveria aproximar-se de um terço do total, ficando uma outra fatia importante para o banco público e duas menos importantes para ao Novo banco (ex-BES) e para o Santander Totta. O restante é coberto pelos bancos de menor dimensão.

BCP e BPI têm, actualmente, um número não muito distante de agências. O BCP contabiliza 695 enquanto o banco liderado por Fernando Ulrich gere uma rede de 649 balcões. Os dados reportam a 31 de Dezembro de 2014, mas num contexto de fusão, a regulação concorrencial poderia exigir uma redução da presença física da nova instituição.

Apesar de o número de agências não ser muito diferente, os quadros de trabalhadores das duas  instituições têm dimensões bem distintas: o banco liderado por Nuno Amado tem nas fileiras cerca de 7700 funcionários, enquanto o BPI está abaixo dos 6000.

Ambos os bancos têm no território português a principal força da sua actividade, mas o estrangeiro é também uma aposta do BCP e do BPI. O banco criado por Jardim Gonçalves gere uma importante operação na Polónia, enquanto o BPI tem em Angola a sua mais importante presença em termos externos.

No ano passado, o BPI regressou a um cenário de prejuízos (161 milhões, essencialmente devidos a custos e perdas não recorrentes). O BCP melhorou de forma significativa o seu resultado negativo, para 218 milhões de euros (740 em 2013).

Combinados, os dois bancos reúnem um volume de depósitos de cerca de 78 mil milhões de euros, contra os 71 mil milhões que a CGD contabiliza. Do lado do crédito concedido, o novo banco teria cerca de 75 mil milhões de euros, face aos 67 mil milhões registados nos livros do banco público.

BPI ganhou mais de 9% em bolsa
A proposta de fusão BPI/BCP com que Isabel dos Santos surpreendeu os mercados na segunda-feira fez com que as acções do BPI disparassem nesta terça-feira mais de 9% na bolsa de Lisboa. Os títulos do banco liderado por Fernando Ulrich abriram a negociação nos 1,4300 euros e fecharam nos 1,4830 euros.

Diferente foi a sorte bolsista do BCP, que também fechou a sessão a ganhar, com uma valorização mais limitada, de apenas 2,4%. Os títulos do banco gerido por Nuno Amado abriram a cotar em 0,0830 euros e fecharam nos 0,0850 euros.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários suspendeu ao princípio da tarde a negociação das acções, para que as partes envolvidas neste processo prestassem esclarecimentos ao mercado. Mas esta paragem técnica não afectou as margens de ganho, embora estabilizasse as valorizações.

Apesar de a proposta de fusão ter agitado o mercado, o principal índice da bolsa lisboeta não evitou um fecho em queda, 0,34%, com apenas seis empresas cotadas a registarem valorizações. O principal recuo, de quase 3%, foi assinado pelos CTT, que apresentam resultados nesta quarta-feira.

 

Sugerir correcção
Comentar