Milhares de soldados e milicianos xiitas cercam jihadistas em Tikrit

ONU avisa que a operação em Tikrit “tem de ser conduzida com o máximo cuidado para evitar vítimas civis e com todo o respeito pela lei humanitária”.

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Combatente xiita em confrontos com jihadistas na província de Saladino Thaier Al-Sudan/Reuters

A coligação de soldados e milícias já avisara que não ia avançar muito depressa devido aos explosivos colocados pelos combatentes do autodesignado Estado Islâmico desde que em Junho do ano passado ocuparam a cidade de Tikrit, 160 quilómetros a norte de Bagdad. Mas a maior ofensiva lançada pelo Governo iraquiano contra os radicais está perto de cercar a cidade de Saddam Hussein.

“Não estamos com pressa em terminar a operação em Tikrit. Temos muito cuidado no planeamento, especialmente porque a estratégia militar do Daash [nome árabe usado para o Estado Islâmico] se baseia em colocar explosivos nas estradas, nas casas, em todo o lado, mesmo nos postes de electricidade”, disse à BBC Moeen al-Khadimi, um dos líderes das Unidades de Mobilização Popular, uma aliança de milícias xiitas formada no Verão passado, depois do colapso do Exército face aos avanços dos radicais, organizada e financiada pelo Irão.

Aliás, numa das frentes de batalha, a supervisionar as operações, encontra-se o general Qasem Suleimani, líder da unidade de operações especiais dos Guardas da Revolução iranianos. Segundo testemunhos recolhidos pela televisão Al-Jazira, “Suleimani está no terreno a dirigir os combates, ao lado dos militares iraquianos e das milícias apoiadas pelo Irão”. Testemunhas ouvidas pela Reuters confirmam a presença do general na frente.<_o3a_p>

Para além da colocação de explosivos improvisados ao longo das estradas, “a outra estratégia do Daash é recorrer a atiradores furtivos, isso porque não estão prontos para combatem connosco face a face”, diz Khadimi, das Unidades de Mobilização Popular. <_o3a_p>

Os radicais islamistas tentaram fazer explodir dois camiões conduzidos por bombistas suicidas, mas os condutores foram mortos e as viaturas explodiram antes de alcançarem os soldados. O Daash anunciou que um combatente norte-americano, conhecido como Abu Dawud al-Amriki, se fez explodir num camião nos arredores de Samarra, cidade 125 quilómetros a norte de Bagdad que funciona como base desta ofensiva. As autoridades iraquianas confirmaram que a explosão de um camião armadilhado matou três voluntários xiitas e feriu doze, sem se referirem à identidade do bombista.<_o3a_p>

Há frentes de batalha a sul, ocidente, norte e leste de Tikrit, e a cidade é já alvo de bombardeamentos de artilharia e da aviação iraquiana. Bagdad não confirma se há aviões iranianos envolvidos. Quem não participa é a coligação internacional formada pelos Estados Unidos para bombardear posições jihadistas no Iraque e na Síria. O Pentágono diz que não há aviões norte-americanos a colaborar porque Bagdad não o pediu, mas especula-se que Washington se mantenha à margem devido à importante participação iraniana e aos riscos de uma missão essencialmente xiita num território de maioria sunita.<_o3a_p>

Já a Turquia, que até agora recusava unir-se à coligação anti-jihadista, enviou dois aviões de carga com material militar para Bagdad. “A Turquia vai continuar ao lado do irmão Iraque, no quadro da coligação internacional contra o Daash ou da cooperação bilateral”, diz o Governo. Mas a verdade é que Ancara recusou participar nos ataques aéreos, ter aviões a levantar das suas bases ou ajudar as milícias curdas que em Janeiro derrotaram os radicais em Kobani, cidade síria curda junto à fronteira com a Turquia.<_o3a_p>

Face aos receios de novas represálias das milícias xiitas contra a população sunita – como aconteceu depois de confrontos para recuperar localidades mais pequenas controladas pelos jihadistas –, a ONU avisou que a operação em Tikrit “tem de ser conduzida com o máximo cuidado para evitar vítimas civis e com todo o respeito pela lei humanitária”. Em Riad, o ministro da Defesa britânico, afirmou-se satisfeito “por ver progresso das forças iraquianas contra o Daash, finalmente a começarem a reverter os seus avanços”. Mas Michael Fallon defendeu que é “igualmente importante que o façam mantendo o apoio das populações locais”.<_o3a_p>
 

   

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