Empresas prevêem aceleração das exportações este ano

Aumento nas vendas de produtos alimentares e bebidas para fora do espaço europeu cobre queda para países comunitários.

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As empresas apontam para aumento de 1,9% nas exportações de produtos alimentares e bebidas Daniel Rocha

As empresas exportadoras projectam um aumento das exportações de bens de 2,5% este ano, o que representa uma aceleração face às estimativas do ano passado, revelou o Instituto Nacional de Estatística nesta terça-feira.

As perspectivas são mais positivas para o comércio com os países de fora da União Europeia, com um reforço esperado de 4,7%. No comércio com os outros 27 parceiros europeus, a previsão é de um crescimento de 1,7%.

O inquérito do INE foi realizado em Novembro do ano passado (mês seguinte à apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2015) e teve como objectivo obter estimativas “ainda antes do fim do ano”. Os dados, ressalva o INE, “divergem dos valores finais observados nas estatísticas do Comércio Internacional de Bens e devem ser encarados como indicando tendências condicionais” à informação que as empresas de que as empresas dispunham no momento do inquérito. Também por razões metodológicas, os valores não podem ser comparados directamente com as estatísticas do comércio internacional, nomeadamente porque não incluem “movimentos especiais” nas exportações, como na electricidade, e porque deixam de fora determinados operadores.

Se forem excluídos os combustíveis e lubrificantes, as expectativas são de um ritmo exportador ligeiramente superior, de 2,8%, à boleia do crescimento registado no comércio com os países extra-UE, onde o aumento chega aos 5,8%.

Fazendo a conta ao comércio intra e extra-UE, as empresas contam que as vendas de máquinas, acessórios e outros bens de capital (excepto o material de transporte) subam 3,9%. A diferença é grande entre as vendas para os países extracomunitários (9,2%) e a saída para os países europeus (1,3%).

Diversificar mercados
A mesma tendência acontece com os produtos alimentares e as bebidas. As perspectivas de crescimento das vendas ao exterior são de 1,9%. As empresas projectam um aumento de 5,5% para os países extracomunitários, ritmo que cobre a queda de 0,3% prevista para a União.

A aposta em mercados fora do espaço europeu tem sido, aliás, uma estratégia seguida pelas empresas do sector, que, nos últimos anos, conseguiram aumentar a sua presença internacional, nomeadamente através da venda directa em grandes cadeias de supermercados ou bares e restaurantes em países tão diferentes como Marrocos, Argélia ou Moçambique. Com a Europa a comprar menos, a aposta é, agora, os mercados em desenvolvimento.

No ano passado, os produtos alimentares e as bebidas foram dos sectores que mostraram maior dinamismo nas exportações: as vendas para o estrangeiro cresceram 6,5%, em comparação com o ano anterior. O comércio internacional de bens alimentares somou 5145 milhões de euros, o que corresponde a uma fatia de 10,7% do total das exportações do país. Este é um ligeiro aumento face a 2013, quando o sector agrícola e alimentar representava 10,2% do valor global.

O maior crescimento das vendas deu-se entre os produtos primários, ou seja, não transformados: conseguiram comercializar mais 16% para o estrangeiro do que em 2013, somando um total de 1422 milhões de euros. Foi o aumento mais expressivo entre as grandes categorias económicas identificadas pelo INE. Olhando para o caso da fruta, por exemplo, registou-se uma subida expressiva de 27%.

Vendas subiram 1,9% em 2014
Apesar da aceleração prevista para este ano nas exportações de bens portugueses, as perspectivas em relação a 2014 foram revistas em baixo em Novembro, face ao inquérito realizado em Maio (com a variação a passar de 1,2% para 0,5%).

Ao todo, em 2014, a saída de mercadorias totalizou 48.181 milhões de euros, um crescimento de 1,9% em relação a 2013. As vendas ao exterior ficaram aquém do aumento das importações, que avançaram 3,2%, chegando aos 58.746 milhões de euros.

Considerando não apenas aos bens, mas também aos serviços, o Governo projecta um crescimento de 4,7% nas vendas ao exterior para 2015, acima do ritmo de 3,7% estimado para o ano anterior na proposta de Orçamento do Estado apresentada em Outubro.

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