“A recuperação económica da Europa é necessária agora”

Stuart Holland tentou convencer os eurodeputados, em Bruxelas, de que não são necessárias “novas instituições” para pôr em prática um new deal europeu

Durante a tarde desta segunda-feira, Stuart Holland regressou ao Parlamento Europeu, em Bruxelas. Ex-consultor de Jacques Delors, este economista inglês, que trabalhou com o ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis numa “Modesta Proposta para Resolver a Crise do Euro”, é um dos convidados das comissões parlamentares de Orçamento e Assuntos Económicos e Monetários para uma audição sobre o Fundo Europeu de Investimentos Estratégicos (FEIE).

Holland esteve acompanhado por vários especialistas, entre os quais o ex-presidente do Banco Europeu de Investimentos, Philippe Maystadt. Apesar de deixar elogios à proposta de criação do FEIE, que é um dos pilares da proposta apresentada por Jean-Claude Juncker para uma recuperação económica da Europa, Holland preferiu repetir aos eurodeputados que todos os mecanismos para esse fim já existem, e estão disponíveis.

De facto, Holland tem repetido que as estruturas (Banco Europeu de Investimentos e Fundo Europeu de Investimentos) são suficientes. Tal como os objectivos estatutários para a sua acção, aprovados desde a década de 90: “Saúde, Educação, Reconversão urbana, Tecnologia verde e financiamento a pequenas e médias empresas.”

Além disso, argumenta Holland, aproveitar as estruturas europeias já existentes tem uma vantagem adicional, numa altura em que o debate entre estados-membros se encontra tão polarizado: não são necessárias “revisões dos tratados”, nem “transferências financeiras das economias mais fortes para as mais fracas”.

Criticando a “alavancagem” do “plano Juncker” - “uma parceria público-privada sem dinheiro público” - Holland disse aos eurodeputados que a “recuperação económica da Europa é necessária agora”, e não num futuro distante. Não apenas tendo em vista a situação da Grécia, mas também “o intolerável nível de desemprego jovem em países-chave da União”.

O argumento de Holland baseia-se na disposição, tornada pública, de vários governos de países excedentários, sobre a ausência de um título europeu que pudesse servir de “mecanismo de reciclagem de excedentes”. Esses título, afirma Holland, poderiam ser as obrigações do Fundo Europeu de Investimentos. “Os países excedentários, como os BRIC [Brasil, Rússia, Índia e China] precisam da recuperação económica europeia para sustentar o comércio mútuo”, afirma Holland. 

Para este economista, a acção do Fundo e do Banco Europeu de Investimentos podiam dotar a União de fundos que permitisse um new deal, com a vantagem de respeitarem todas as regras existentes de “estabilidade orçamental”, por não contarem para a dívida pública dos Estados, nem aumentarem os seus défices. 

Stuart Holland inicia, no próximo sábado, dia 7, um ciclo de seminários, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Com o título “Syriza contra a Europa? Desafios institucionais e de liderança na UE”.

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