Maduro impõe visto obrigatório a americanos e impede entrada de Bush

Detidos cidadãos norte-americanos suspeitos de espionagem. Sanções contra Washington anunciadas por Caracas.

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Maduro na marcha que assinalou, no sábado, o 26.º aniversário da revolta do Caracazo Miraflores Palace/Reuters
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Activistas da oposição num protesto contra Maduro em San Cristobal, capital do estado de Táchira GEORGE CASTELLANO/AFP

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou a imposição de sanções diplomáticas aos Estados Unidos, exigindo visto obrigatório a todos os cidadãos norte-americanos, a redução do pessoal na embaixada norte-americana em Caracas, a obrigação de os funcionários diplomáticos anunciarem as suas actividades no país e a restrição de alguns responsáveis norte-americanos entrarem na Venezuela, incluindo o ex-Presidente George W. Bush.

Em retaliação a sanções de Washington, os norte-americanos acusados de terrorismo vão ficar impedidos de entrar na Venezuela, anunciou Maduro no final de sábado, no final de uma “marcha anti-imperialista” no centro de Caracas – no mesmo dia em que enfrentava protestos contra a detenção do presidente da câmara metropolitana de Caracas, Antonio Ledezma, pelos serviços secretos.

Maduro socorreu-se da Convenção de Viena para justificar as sanções. “Um conjunto de dirigentes políticos dos Estados Unidos que violaram os direitos do homem, bombardeando [países como a Síria, Iraque e Afeganistão] não poderão entrar na Venezuela, porque são terroristas”, afirmou, num discurso para assinalar o 26.º aniversário do Caracazo, revolta popular que em 1989 provocou centenas de mortos na capital.

Para dizer a quem se aplicam as restrições à entrada de políticos norte-americanos, Nicolás Maduro citou os nomes de George W. Bush, do seu vice-presidente, Dick Cheney, e de dois republicanos membros do Congresso dos EUA, Bob Menendez e Marco Rubio.

As sanções foram anunciadas depois da detenção de vários cidadãos norte-americanos, entre os quais um piloto de origem latino-americana que Caracas diz ser suspeito de desenvolver actividades de espionagem. “Para proteger o nosso país, foi decidido colocar em marcha um sistema de vistos obrigatório para todos os cidadãos dos Estados Unidos que entrem na Venezuela”, anunciou Maduro.

Reclamando “igualdade entre os Estados”, Maduro exige que seja reduzido o número de diplomatas norte-americanos na capital venezuelana, argumentando que os EUA têm cem funcionários em Caracas e que a Venezuela tem 17 em Washington.

Em Dezembro, os EUA impuseram sanções à Venezuela, com restrições na emissão de vistos e, em determinados casos, a responsáveis venezuelanos acusados de violação dos direitos do homem e de corrupção.

Segundo o El País, as detenções dos cidadãos norte-americanos pelos serviços secretos venezuelanos, sob acusação de levarem a cabo actividades encobertas de desestabilização, aconteceram nos estados de Aragua (costa, no centro-norte) e Táchira (junto à fronteira com a Colômbia).

Interrogado pela Reuters, um porta-voz da embaixada dos EUA em Carcas disse que não podia comentar nem as novas restrições nem as acusações de Maduro, argumentando que não existiu nenhuma comunicação oficial diplomática com o governo venezuelano. E um responsável da administração do Presidente Barack Obama rejeitou as acusações de Caracas: "As continuadas alegações de que os EUA estão envolvidos em esforços para desestabilizar o governo da Venezuela não têm qualquer fundamento e são falsas", disse o responsável norte-americano, sob anonimato.

 

 

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