Oi confirma corte drástico na remuneração aos accionistas

Plano de pagamento de dividendos aprovado por Zeinal Bava previa distribuição de 170 milhões de euros por ano até 2016.

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Oi teve prejuízo de mais de mil milhões de euros em 2014 Rui Gaudêncio

O dinheiro vai sair da Oi a conta-gotas. Na quinta-feira à noite a empresa brasileira confirmou em comunicado o cancelamento da política de dividendos para o período de 2013-2016, que antecipava a distribuição aos accionistas de 500 milhões de reais (aproximadamente 170 milhões de euros) por ano.

A notícia não constituiu uma surpresa para os accionistas, mas, mesmo assim, a sessão bolsista em Lisboa ficou esta sexta-feira marcada por uma queda de 7,75% da PT SGPS (a maior accionista da Oi), para 63,1 cêntimos. Quanto à Oi, seguia a desvalorizar mais de 10% para 5,32 reais ao final da tarde.

Na tarde desta sexta-feira, a Morgan Stanley anunciou que deixou de ter uma posição qualificada na PT SGPS, passando a deter uma posição de apenas 1,63% no capital da sociedade.

Em Outubro de 2013, quando anunciou a criação da CorpCo, Zeinal Bava, ex-presidente executivo da empresa, já tinha distribuído 500 milhões de reais aos accionistas, a título de resultados do exercício de 2013 (normalmente os dividendos são pagos no ano seguinte a que se referem os lucros), comprometendo-se a manter esse nível de remuneração até 2016.

Mas agora os tempos são outros e obrigam a contenção. O actual presidente executivo da empresa, Bayard Gontijo, já tinha sinalizado que a política de dividendos teria de ser alterada e, no início desta semana, depois de ter realizado assembleias gerais com obrigacionistas aos quais foi pedir a aprovação da venda da PT Portugal, a Oi anunciou que ia limitar o pagamento de dividendos aos mínimos obrigatórios previstos na lei brasileira. O que confirmou em comunicado enviado ao regulador da bolsa na quinta-feira.

Este compromisso, tal como a obrigatoriedade de usar o encaixe gerado com a venda da PT exclusivamente para reduzir dívida ou participar em operações de consolidação no Brasil, deverá ficar expresso num aditamento às escrituras das emissões obrigacionistas da Oi, que serão apresentadas em assembleias gerais no próximo dia 12. Será nessas reuniões que a Oi espera receber dos credores o aval para ultrapassar este ano os rácios de endividamento com que se comprometeu, tendo em conta de que vai deixar de consolidar o resultado operacional bruto da PT, mas manterá a dívida da empresa.

Esta sexta-feira ficou a saber-se que a operadora brasileira decidiu encerrar o centro de atendimento telefónico em Lisboa, despedindo os últimos 120 trabalhadores. Em declarações à agência Lusa, Hernâni Marinho, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV), lembrou que já tinham sido despedidos do call-center da Oi 170 trabalhadores. Os despedimentos e a decisão de encerramento do centro apanharam os trabalhadores desprevenidos, garantiu o sindicalista.

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