A ascensão meteórica de Jonathan Rodríguez

O Peñarol pagou pouco mais de 6.000 euros pelo passe do novo reforço do Benfica, que chegou a Montevideu com 18 anos.

Foto
Jonathan afirmou-se rapidamente no Peñarol Reuters

Foi aquele clássico. Aquele clássico entre Nacional e Peñarol, disputado a 24 de Novembro de 2013, em Montevideu, mudou a vida de Jonathan Rodríguez. De repente, o avançado explosivo que chegara à capital um ano antes estava nas bocas do mundo, nas primeiras páginas dos jornais, no imaginário dos adeptos. Dois golos e uma assistência no jogo dos jogos do futebol uruguaio não é para todos. Aos 19 anos, então, mais rara se tornava a proeza. O jovem tímido que já tinha feito furor na Florida não tinha como segurar mais o anonimato.

Jonathan Javier Rodríguez Portillo nasceu numa família numerosa, o pai militar, a mãe dona de casa e cinco irmãos para partilhar vivências na pequena cidade de Florida, situada a cerca de 100km da capital. No núcleo familiar, os adeptos do Nacional estavam em maioria, mas o pequeno Jonathan seguiu a tendência do único irmão que admirava o Peñarol: “Ele andava sempre com a camisola amarela e negra vestida e eu gostava das cores”, recordou, em declarações ao diário El País.

Não foi de estranhar, por isso, que a fama de goleador que foi construindo no Atlético acabasse por levá-lo até às portas do clube mais titulado do país. Na cidade-natal, o seu talento saltava à vista e depressa se espalhou pela região, muito às custas da participação no campeonato da OFI (Organização de Futebol do Interior) sub18. E mesmo tendo fracassado na primeira tentativa de ingressar no Peñarol – as saudades de casa levaram-no a regressar -, em 2008, não desistiu do sonho.

Era Victor Púa o responsável pelas camadas jovens dos auri-negros e foi ele quem começou por acolher Jonathan na quarta equipa do clube. Daí até à equipa principal, foi um sopro. E a digressão europeia na qual participou em Julho de 2013 (que incluiu um golo marcado ao Benfica) só ajudou a consolidar uma afirmação plena que já entrara em velocidade de cruzeiro.

De repente, o Peñarol tinha feito um negócio da China. Comprara o passe de um jovem promissor por cerca de 7.000 dólares (6.200 euros) na perspectiva de o ver evoluir paulatinamente no sector de formação e já tinha ao seu dispor um goleador para as provas de elite. Jorge Gonçalves, treinador de Jonathan na terceira formação do clube, traça-lhe o perfil: “Tínhamos que trabalhá-lo, poli-lo, mas era uma besta. Não tinha limites. Sempre lhe disse que tinha de estar preparado quando lhe dessem uma oportunidade e mostrou que estava”, contou ao Ovación, suplemento desportivo do jornal El País.

Na sua curta passagem por Montevideu, El Cabecita (o apelido pelo qual é tratado no Uruguai) deixou um legado de 22 golos em 50 jogos. E também já se estreou a marcar pela selecção, num particular frente a Omã, numa das quatro internacionalizações que soma até à data. “Era o melhor jogador do campeonato do Uruguai. Tem uma velocidade incrível e uma grande capacidade goleadora. É forte e melhora a cada dia”, descreve Marcelo Areco, dirigente do Peñarol.

Agora, o jovem “tímido e humilde”, que muito cedo abdicou dos estudos, vai começar uma nova etapa, num continente onde o futebol é mais agressivo e mais rápido. Ele que, segundo confessou numa das poucas entrevistas que deu, ao El Observador, está hoje mais maduro e consciente de que as noitadas que chegou a fazer mesmo em período de competição não são para repetir.  “Cresci. Deixei muita coisa de parte. Sou um rapaz mais tranquilo”, garante.

A pressão também já não é novidade para Jonathan, que assegura que se diverte sempre que tem a bola nos pés. E os elogios que tem recebido de Luis Suárez, o porta-estandarte da selecção do Uruguai e um dos avançados mais talentosos do mundo, não lhe fazem tremer as pernas: “Quando o conheci, soube que iria ter grande futuro e volto a dizer que tem melhores condições do que eu quando tinha 21 anos”, atesta o goleador do Barcelona.

Sugerir correcção
Comentar